Na festa da vitória, articuladores do PT viram alvo de chacota
Parlamentares se referiam a Mercadante e Pepe Vargas como Freddie Mercury, vocalista do Queen, e Pepe Legal
Cinco dirigentes de partidos, quase todos pequenos, passaram pela comemoração; Temer não apareceu
"Foi um fracasso retumbante do time do Freddie Mercury e do Pepe Legal", dizia aos risos um cacique do PMDB na mansão do Lago Sul, em Brasília, que recebeu a festa da vitória de Eduardo Cunha (RJ) na eleição para a presidência da Câmara.
O esporte preferido dos peemedebistas na noite do domingo (1º) foi fazer piada com a articulação política da presidente Dilma Rousseff.
Os alvos eram os dois principais ministros da 'cozinha' do Palácio do Planalto, que trabalharam por Arlindo Chinaglia (PT-SP), segundo colocado na disputa, com quase metade dos votos de Cunha.
Aloizio Mercadante (Casa Civil) era Freddie Mercury (1946-1991), vocalista bigodudo da banda Queen. Já Pepe Vargas (Relações Institucionais) virou Pepe Legal, personagem de desenho animado estrelado por um cavalo atrapalhado, que às vezes atira no próprio pé.
Cunha adotava um tom quase republicano. "Eu não impus derrota nenhuma ao governo. Foram eles que se derrotaram", afirmou.
Em conversas reservadas, porém, disse a aliados que só pretendia aparecer no Palácio do Planalto para ser recebido por Dilma. E se Mercadante ou Pepe quiserem conversar, terá prazer em recebê-los em sua casa --a Câmara.
Ele foi saudado por colegas de legenda e outros aliados, mas Michel Temer (PMDB) não apareceu. "Achamos que não era o momento", disse um amigo do vice-presidente, em referência à rusga entre Cunha e o Executivo.
Cinco dirigentes de partidos, quase todos pequenos, estiveram por lá. Os principais 'caciques' eram Marcos Pereira, do PRB, e Pastor Everaldo, do PSC. Ambos são líderes evangélicos --assim como Cunha.
Everaldo se sentou perto da família de Cunha. No fundo do salão, estavam Levy Fidelix (PRTB), Daniel Tourinho (PTC) e Renata Abreu (PTN).
Enquanto circulava, o presidente da Câmara dedicou um bom tempo às queixas dos partidos nanicos. Copo de uísque na mão direita, Levy Fidelix vociferava contra o líder do também diminuto PT do B, o ausente Luis Tibé.
"Ele é traíra! Queria f"¦ a gente, vá pra China! A gente queria fazer um grupo para apoiar o Eduardo e ele tentou vender a gente pro governo em troca de carguinho!", reclamava o ex-presidenciável.
COPA DO MUNDO
Aécio Neves e seus correligionários nem chegaram perto da festa, apesar de integrantes do PSDB terem comemorado a vitória de Cunha como gol em Copa do Mundo.
"É o início do fim do ciclo do PT", disparava o deputado Danilo Forte (CE), candidato a líder do PMDB.
Até o início da madrugada, o novo presidente dizia não saber se alguém do Planalto havia telefonado para comentar o resultado da eleição. "Fiquei sem bateria no celular. Não sei se alguém ligou."
Arlindo Chinaglia o procurou por volta das 22h. Telefonou para o gabinete, que transferiu a ligação para o celular do motorista de Cunha.
Ele foi embora depois da 1h da festa na mansão do empresário Venâncio Júnior, integrante de uma família de empreiteiros de Brasília.