Petrolão
Ex-diretor recebia propina na sede da estatal, diz delator
Barusco afirma ter repassado dinheiro a Duque no escritório da Petrobras
Segundo ex-gerente, intermediários usavam hotéis e suas próprias casas para fazer entrega de pagamentos
O ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, recebia propina dentro da sede da estatal, de acordo com o delator Pedro Barusco, que era gerente da mesma área.
Em depoimento, Barusco relatou ter recebido por seu então superior cerca de US$ 40 milhões em contas no exterior entre 2003 e 2011, além de valores que somam entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, pagos em parcelas mensais entre 2005 e 2011.
Os valores em reais, disse, eram entregues a Duque dentro da diretoria de Serviços.
Barusco contou que havia vários caminhos para que a propina chegasse aos diretores da estatal. Um dos operadores, Shinko Nakandakari, "entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil, normalmente nos hotéis Everest, Softel e Caesar Park, onde tomavam um drink ou jantavam".
Segundo o relato, Shinko entregava a propina em nome das empresas Galvão Engenharia, EIT e Contreras.
O delator disse que ia até a a casa de outro operador, Mario Goes, pegar "umas mochilas com valores", que variavam de R$ 300 mil a R$ 400 mil. Goes, afirmou, agia em nome das empreiteiras UTC, MPE, OAS, Mendes Junior, Andrade Gutierrez, Schain, Carioca e Bueno Engenharia.
Barusco disse que guardava o dinheiro numa caixa em sua casa, "para pagamento de despesas pessoais e para fazer repasses a Renato Duque".
Presidentes de empreiteiras chegavam a pagar suborno sem usar intermediários, relatou. Entre eles, citou o ex-presidente da Queiroz Galvão Ildefonso Collares e o dono da GDK, César Oliveira.
OUTRO LADO
O advogado de Duque, Renato Moraes, diz que seu cliente nega que tenha recebido qualquer recurso ilegal de Barusco ou de empresas contratadas pela Petrobras.
A Andrade Gutierrez nega "qualquer ilação ou acusação de participação em cartel" e diz que "não tem ou teve qualquer envolvimento com os fatos" investigados. A Queiroz Galvão diz que não comenta investigações em andamento e que prestará os esclarecimentos às autoridades.
As demais empreiteiras citadas negam o suborno para obter contratos na estatal.