Petrolão
Empréstimo do BB para amiga de Bendine será investigado pela PF
Na gestão do novo dirigente da Petrobras, BB emprestou R$ 2,7 mi a Val Marchiori a juros subsidiados
Procuradoria diz que a Justiça determinou nesta semana ao BB que forneça dados do empréstimo de 2009
O nome escolhido pela presidente Dilma Rousseff para limpar a Petrobras, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, é alvo de um procedimento de investigação da Procuradoria da República em São Paulo.
O Ministério Público Federal informou na tarde desta sexta-feira (6) que determinou à Polícia Federal a instauração de inquérito para averiguar a concessão de empréstimo do BB à socialite Valdirene Marchiori. Val Marchiori, como ela é conhecida, é amiga de Bendine.
Segundo a Folha apurou, a determinação foi feita diretamente à Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros.
Conforme a Folha revelou no ano passado, o BB driblou uma série de regras internas para conceder o financiamento de R$ 2,7 milhões para Marchiori, a partir de uma linha subsidiada pelo BNDES, com taxa de 4% de juros ao ano --abaixo da inflação.
Marchiori tinha restrição de crédito por não ter pago empréstimo anterior ao BB e também por não apresentar capacidade financeira para obter o financiamento, segundo documentos internos do BB obtidos pela Folha. Marchiori apresentou a pensão alimentícia dos filhos menores, cuja penhora é inconstitucional, como garantia do empréstimo.
Segundo nota divulgada pelo Ministério Público Federal, a Justiça Federal informou o Banco do Brasil nesta semana da determinação para que forneça aos procuradores documentos referentes aos empréstimos concedidos à empresária desde 2009.
Val Marchiori, mais conhecida por sua participação no programa de TV "Mulheres Ricas", esteve com Bendine em duas missões oficiais do banco, uma na Argentina e outra no Rio. Nas duas ocasiões, os dois ficaram hospedados nos mesmos hotéis: primeiro no Alvear, em Buenos Aires, e depois no Copacabana Palace, no Rio.
O procedimento de investigação contra Bendine foi inicialmente aberto pelo Ministério Público a partir do depoimento de seu ex-motorista Sebastião Ferreira da Silva, o Ferreirinha. Ele dirigiu para Bendine por quase 6 anos.
Ele disse ao Ministério Público que presenciou Bendine sair de um prédio comercial em São Paulo, ocupado por empresas ligadas ao grupo da TV Record, com uma sacola repleta de maços de notas de R$ 100.
Contou que recebeu ordens para fazer diversos pagamentos com altas quantias em dinheiro vivo, sempre entregues a ele dentro do BB, pelo próprio Bendine. O executivo nega todas as acusações.
Bendine foi autuado pela Receita por não comprovar a origem de aproximadamente R$ 280 mil de seu patrimônio informados em sua declaração do Imposto de Renda.
Ele entrou no radar da Receita em 2010, após comprar um apartamento declarado por R$ 200 mil, pago em dinheiro vivo. Para se livrar da fiscalização, pagou o auto sem mover um recurso.