Outro lado
Petistas afirmam que delatores mentem
Empreiteiras e políticos de outros partidos citados por doleiro e ex-diretor também negam as acusações
Citados nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa que vieram à tona nesta quinta-feira (12), empresas, partidos e políticos, entre outros, negaram participar de esquema de pagamento de propina em contratos da Petrobras.
A assessoria do ex-ministro José Dirceu informou que ele "repudia, com veemência, as declarações de Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Julio Camargo, da Toyo Setal, ou de qualquer outra empresa investigada pela Lava Jato".
Segundo o doleiro, as negociações de propina para o PT passavam pelo ex-ministro e pelo tesoureiro nacional da sigla, João Vaccari Neto.
A assessoria também disse que Dirceu "nunca representou o PT em negociações com Julio Camargo ou com qualquer outra construtora. As declarações são mentirosas".
"O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu", afirma.
Por fim, a assessoria diz que, após deixar a Casa Civil, o petista "sempre viajou em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo".
Segundo Youssef, o ex-ministro usou "em diversas oportunidades", um jatinho pertencente a Julio Camargo.
Vaccari Neto, por sua vez, negou ter recebido "qualquer quantia em dinheiro" de Youssef e classificou as afirmações como "mentirosas".
"A afirmação de Youssef causa profunda estranheza, pois sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto", disse, em nota.
A Toshiba negou pagamento de suborno, dizendo que "todo e qualquer contrato com entidades publicas resultou de processo licitatório regular, nos termos da legislação vigente". Marice Corrêa Lima, não atendeu à reportagem.
O PP disse que se posicionará após tomar conhecimento oficial dos depoimentos, que está à disposição das autoridades e que todas as doações recebidas são legais.
A Odebrecht, apontada como uma das responsáveis pelo pagamento de suborno ao partido, negou as "acusações caluniosas" e disse que nunca fez "pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal".
A UTC não quis comentar as acusações de Youssef.
Procurado, o deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA), apontado pelo doleiro como um dos que mais recebeu propina do esquema na Petrobras, não se pronunciou até a conclusão desta edição.
'ELE ME ABSOLVE'
O ex-deputado CândidoVaccarezza (PT-SP) disse à Folha que a menção a seu nome pelo ex-diretor da Petrobras mostra que ele não teve participação alguma no caso.
"Ele me absolve completamente nesse depoimento. Ele próprio não diz que eu recebi [suborno], mas que ouviu essa história de alguém que nunca ouvi falar e que é um lobista. Aliás, ele não afirma nada, mas usa o condicional. Diz que eu teria recebido", disse o petista à Folha.
O ex-líder do governo atribui o fato de não ter sido reeleito deputado federal às citações ao seu nome na Operação Lava Jato. "O jeito leviano que citaram o meu nome custou a minha reeleição."