Dilma precisa erguer a cabeça e dizer 'eu ganhei', afirma Lula
Manifestantes da CUT e do PT entram em confronto com grupo antigoverno do lado de fora de ato pró-Petrobras
No evento, petista classifica a oposição de 'desaforada' e conclama o povo a não ter vergonha e ir às ruas
Em ato convocado em defesa da Petrobras no Rio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (24) que sua sucessora, Dilma Rousseff, "tem de levantar a cabeça e dizer: eu ganhei as eleições".
Para Lula, os escândalos envolvendo a estatal, alvo de uma série de denúncias investigadas pela Operação Lava Jato, não são uma questão da "Dilma, mas da Polícia Federal ou da Justiça". E defendeu que "não se pode jogar a Petrobras fora por causa de meia dúzia de pessoas".
O ex-presidente também classificou a oposição de "desaforada". "Não podemos ter vergonha. Temos de ir para as ruas", conclamou.
A fala do petista ocorre no momento de maior crise do governo Dilma. A confluência do escândalo da Petrobras com a piora das expectativas sobre a economia fez a aprovação à gestão da presidente cair 19 pontos de dezembro ao início de fevereiro, segundo o Datafolha, a pior marca de seu governo.
O ato desta terça reuniu políticos, artistas, escritores e jornalistas na sede da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), no Rio. E ocorreu no mesmo dia em que a Petrobras perdeu o chamado grau de investimento, espécie de selo de local seguro para investir, da agência de classificação de riscos Moody's.
Outros oradores da noite desqualificaram as investigações da Operação Lava Jato e a atuação da Justiça em seus discursos. "Punam-se os culpados, mas deixemos a Petrobras em paz", disse Luiz Pinguelli Rosa, físico e diretor da Coppe-UFRJ.
O diretor da OAB-RJ, Wadih Damus, disse que a delação premiada usa a estratégia "do medo e da intimidação" para obter depoimentos, comparando o instrumento à tortura.
Antes do início do ato foram registradas brigas e tumultos entre manifestantes da CUT e do PT e um grupo de pessoas com bandeiras do Brasil e que pediam a saída da presidente Dilma do poder.
Pessoas que apenas transitavam pelo local, uma movimentada rua do centro do Rio, também trocaram acusações com os manifestantes da CUT e do PT.
Numa das brigas, houve troca de socos. A Tropa de Choque da PM foi chamada e interveio para separar os cerca de 300 manifestantes petistas de um pequeno grupo de 15 manifestantes antigoverno. Os tumultos foram contidos e não houve registro de feridos graves nem de detenções.
Também participaram do ato o cineasta Luiz Carlos Barreto e sua mulher e produtora Lucy, e o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Roberto Amaral (PSB).