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Análise governo

Economia sob controle facilita vida de Dilma

Cenário favorável contém apetite de aliados, leva adversários a evitar ataques e tira pressão de cima da presidente

Por isso Aécio Neves prefere se recolher, suportando as críticas de "não aparecer" e de "não bater no governo"

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

A expectativa do meio político, aí incluídas a base governista e a oposição, é que a avaliação do governo e da presidente Dilma Rousseff continue intimamente ligada à economia, o que, de resto, não é uma característica exclusiva brasileira.

Enquanto a economia estiver sob controle, Dilma demonstra segurança, o setor produtivo não pressiona, os trabalhadores têm emprego e renda, os aliados contêm seu apetite, os adversários não têm o que dizer. E a presidente pode se dar ao luxo de uma aprovação recorde de 59% de ótimo e bom.

É por isso que a principal aposta da oposição para as eleições presidenciais de 2014 e 2018, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), prefere se recolher, suportando as críticas de "não aparecer" e de "não bater no governo".

Desde a posse de Dilma na Presidência e do próprio Aécio no Congresso, no início do ano passado, o senador mineiro está mais voltado para dentro das articulações políticas tucanas e oposicionistas e menos para fora -para a opinião pública. Torna-se, assim, um bom exemplo do que ocorre na oposição.

Na avaliação que ele faz com seus aliados e assessores, atacar o governo e criticar Dilma agora seria como "dar murro em ponta de faca". Ou seja, não cria, ou criaria, nenhum desgaste para os adversários, mas poderia se voltar contra ele próprio.

Esse quadro só tende a se alterar, na expectativa dos políticos e analistas, em dois casos: um grande escândalo envolvendo o próprio Palácio do Planalto, o que não está no horizonte nem da oposição, ou uma reviravolta nas expectativas econômicas, que não parece provável.

No caso de excessivo desaquecimento, combinado a recrudescimento da inflação, o filme seria rebobinado: Dilma tenderia a se irritar, o setor produtivo começaria a se articular, os trabalhadores a sentir insegurança, os aliados a se alvoroçar e os adversários a falar.

A economia internacional não está confiável, mas o Brasil continua sob controle. Se não se repetem os 7,5% de crescimento de 2010, ano da eleição de Dilma e da despedida do governo Lula, a previsão não é das piores: 3% oficialmente em 2011 e 2,7% em 2012, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ou 2,6%, de acordo com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

É pouco, mas é razoável num momento de crise internacional e para um país grande e com a infraestrutura precária do Brasil. Há recuperação dos níveis de produção industrial, e o mais importante é manter os índices de emprego, que continuam altos.

FUTURO MELHOR

Na pesquisa Datafolha de hoje, 46% acham que a economia vai melhorar, 13%, que vai piorar, e 37%, que vai se manter como está. E mais: 60% acham que a sua própria situação financeira vai melhorar. Não há, portanto, nenhuma sensação de crise, como nos Estados Unidos e na Europa, ao contrário.

Nesse cenário, basta a Dilma ratificar a imagem de "inteligente" (80%), "decidida" (72%) e "sincera" (70%), atacar melhor o problema da saúde e manter a corrupção bem longe dela e do Palácio do Planalto -como se fosse "dos outros", que podem e são demitidos.

Pelos dados sobre o desempenho por área, corrupção não atrapalha a popularidade de Dilma e já deu o que tinha de dar para ajudá-la.

Depois da queda de sete ministros, o tema parece ter esgotado sua potencialidade política, para um lado ou para o outro.

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