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Dilma deve ouvir Lula para definir Comissão da Verdade

Órgão foi criado há dois meses, mas presidente ainda não indicou integrantes

Grupo vai investigar violações de direitos humanos de 1946 a 1988, mas principal foco deve ser a ditadura

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff deve consultar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de escolher quem serão os integrantes da Comissão da Verdade.

Grupo governamental que fará a narrativa das violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, a comissão terá a missão de identificar os responsáveis pelas mortes, torturas e desaparecimentos no período, ainda que não possa puni-los.

Lula, que, assim como a presidente, foi preso durante a ditadura militar, maior foco das apurações, será um dos poucos interlocutores cuja opinião terá peso na escolha dos sete conselheiros, segundo membros do governo envolvidos nas tratativas da instalação da comissão.

Eles afirmam que Dilma tem mantido reserva sobre sua opinião em relação aos nomes que lhe foram sugeridos nos dois meses que se passaram desde que foi sancionada a lei que possibilitou a criação da comissão.

A sanção foi comemorada como uma das principais conquistas do primeiro ano da presidente no campo dos direitos humanos -ainda assim, parlamentares e militantes da esquerda, desconfiados das limitações do colegiado, apelidaram o órgão de "comissão da mentira".

Inicialmente, a presidente havia assinalado a assessores que queria definir a comissão ainda neste mês. Mas dentro do governo já se trabalha com março como o mês limite da escolha.

A data de instalação tem influência na eficácia da comissão, pois ela terá apenas dois anos para tratar de milhares de casos. Se sua instalação se arrastar, pode não haver tempo suficiente para fazer seu relatório.

Nos bastidores, ao menos quatro grupos se movimentam para conseguir emplacar conselheiros, que poderão convocar testemunhas e requisitar qualquer documento. O mais atuante é o de perseguidos na ditadura.

INDICAÇÕES

Organizados no ano passado, por meio de comitês estaduais, para pressionar pela aprovação da comissão no Congresso, esses grupos enviaram ao governo diversas listas, nas quais constam cerca de cem nomes.

Nelas, destacam-se acadêmicos e de dois membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil): Cezar Britto, ex-presidente da entidade, e Wadih Damou, que comanda a ordem no Rio de Janeiro.

Tucanos de São Paulo tentam emplacar José Gregori ou Paulo Sérgio Pinheiro, ambos ministros do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Ao mesmo tempo, o Ministério Público Federal trabalha para que um procurador seja escolhido. O nome mais cotado em Brasília é o de Marlon Weichert, da Procuradoria em São Paulo.

Senadores de oposição também desejam indicar o titular de uma das vagas.

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