Estatal limpou o que era preciso, diz Dilma
Em discurso no Rio, presidente afirma que a Petrobras 'já deu a volta por cima' e 'tirou aqueles que tinha de tirar'
À CNN, petista diz ter certeza que não houve dinheiro desviado de corrupção em sua campanha eleitoral
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (9) que a Petrobras "já deu a volta por cima" e "limpou o que tinha que limpar".
Dilma, que esteve no Rio para a inauguração de um condomínio do Minha Casa, Minha Vida, reservou o final de seu discurso para uma defesa da estatal, mergulhada em um escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
"A Petrobras limpou o que tinha de limpar. Tirou aqueles que tinha de tirar e que se aproveitaram das suas posições para enriquecer os seus próprios bolsos. A Petrobras continua de pé", disse.
Três ex-diretores da estatal são réus na Lava Jato e estão presos. Um deles, Paulo Roberto Costa, virou delator e cumpre prisão domiciliar.
"Vocês podem ter certeza de uma coisa: essa empresa não só já deu a volta por cima como mostrou a que veio. A Petrobras já bateu todos os recordes. Diziam que ela não ia conseguir produzir petróleo tirado do pré-sal, pois ela chegou hoje a 700 mil barris por dia em tempo recorde", disse.
Já em entrevista ao canal em espanhol da emissora CNN, a presidente disse ter certeza de que não houve dinheiro desviado de corrupção em sua campanha presidencial, e reiterou que as contas de sua candidatura foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Eu tenho absoluta certeza que a minha campanha não tem dinheiro de suborno", afirmou Dilma.
A presidente disse ainda que, se for confirmado que dinheiro de suborno chegou a alguém, "essa pessoa tem que ser responsabilizada, é assim que deve ser".
Trechos da entrevista, realizada na terça-feira (7) foram divulgados na noite de quarta-feira (8) pela emissora norte-americana.
"Isso não quer dizer que eu me coloque acima de ninguém. Qualquer brasileiro, cidadão ou cidadã, deve prestar contas do que faz. Eu prestei para o Tribunal Superior Eleitoral, entreguei as minhas contas, e elas foram auditadas e foram aprovadas", acrescentou.
PROPINA
Em depoimento à CPI da Petrobras no mês passado, o ex-gerente-executivo da diretoria de serviços da estatal Pedro Barusco, um dos operadores do esquema de corrupção na empresa, relatou que houve pedido de "patrocínio" à fornecedora de sondas da Petrobras SBM Offshore para a campanha presidencial de 2010, quando Dilma foi eleita pela primeira vez.
No entanto, Barusco afirmou não saber se os valores repassados foram diretamente direcionados para a campanha eleitoral.
Segundo o ex-gerente, que firmou um acordo de delação premiada com a Justiça, o PT, partido da presidente, teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propina como parte do esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato.
Ainda de acordo com Barusco, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, gerenciava o recebimento de propinas para o partido no esquema que envolveu a petroleira, empreiteiras e políticos.
Vaccari e o PT sempre negaram as acusações do ex-gerente da estatal.