Na contramão de Aécio, FHC diz que é precipitado falar em impeachment
'Não faz sentido' tratar do tema sem razão objetiva dada por Justiça, polícia ou TCU, afirmou
Senador e presidente do PSDB, Aécio vem dando declarações cada vez mais simpáticas ao impedimento de Dilma
No momento em que o PSDB articula um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a medida depende de fatos objetivos e que seria "precipitação" abrir processo agora.
"Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode", disse FHC neste domingo (19) num seminário no Fórum de Comandatuba (BA).
O tucano afirmou que "não faz sentido" que os partidos antecipem esse movimento enquanto não houver decisões de tribunais ou provas concretas de irregularidades cometidas pela presidente.
"Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva ou não houve razão objetiva. Quem diz se é objetiva ou não é a Justiça, a polícia, o tribunal de contas. Os partidos não podem se antecipar a tudo isso, não faz sentido [...] Você não pode fazê-lo fora das regras da democracia [...] Qualquer outra coisa é precipitação."
Na contramão, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, vem dando declarações cada vez mais simpáticas ao impeachment (confira ao lado). Também vem se aproximando dos líderes de grupos que pedem o impedimento, como o Vem Pra Rua.
O PSDB encomendou pareceres sobre a viabilidade de um pedido de impeachment. Uma das possíveis motivação seriam as manobras do governo nas contas de 2014.
Sobre esse aspecto, FHC reagiu às afirmações do ministro Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral) de que manobras fiscais parecidas ocorreram em 2001 e 2002, em sua gestão."Não sei essa mecânica do dia a dia, mas duvido que tenha havido alguma coisa desta magnitude [...] E, se foi feito, foi errado. Um erro não justifica o outro".
MAIORIDADE PENAL
O ex-presidente se posicionou de maneira oposta aos parlamentares do PSDB sobre a proposta de redução da maioridade penal. FHC disse que a medida em discussão no Congresso é "arriscada", apesar de os quatro deputados tucanos presentes na votação da Comissão de Constituição e Justiça terem sido favoráveis à proposta.
"Eu acho a redução arriscada. Se você reduz para 16 anos, aí o bandido vai pegar uma criança de 15 anos para dizer que não é culpado", afirmou.