Advogados ainda estudam sentença para avaliar recurso
Defensores de delatores elogiam decisão de Moro, mas podem recorrer a tribunal para obter mais benefícios
Para representante de operador do doleiro, pena não condiz com contribuição de seu cliente à investigação
Os advogados do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef afirmaram que estão analisando a sentença condenatória do juiz federal Sergio Moro e ainda não decidiram se vão recorrer.
Os defensores dos outros réus condenados pelo juiz Sergio Moro afirmaram que vão apresentar recurso contra a decisão.
O criminalista João Mestieri, advogado do ex-diretor da Petrobras, afirmou que "esperava um melhor resultado", como a concessão do perdão judicial, mas considerou que a sentença de Moro ficou dentro dos parâmetros do acordo de delação premiada firmado por Costa e dos fatos confessados por ele.
Mestieri disse que vai buscar uma reunião com Moro para esclarecer pontos da sentença, e depois vai decidir se vai apresentar recurso ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região.
Antonio Augusto Figueiredo Basto, defensor de Youssef, disse que "uma sentença condenatória nunca é boa", mas afirmou que a decisão de Moro indica um avanço da defesa, uma vez que ele estabeleceu que o doleiro só cumprirá três anos de pena em regime fechado, mesmo que sofra novas condenações.
O criminalista afirmou que o magistrado reconheceu a importância da delação de Youssef para o andamento da Lava Jato e, por isso, diz que buscará obter mais benefícios legais para seu cliente.
Basto relatou que está examinando a sentença e ainda não definiu se recorrerá.
QUEIXAS
O advogado Haroldo Nater, que defende Leonardo Meirelles, Leandro Meirelles, Pedro Argese Júnior e Esdra de Arantes Ferreira, disse que a decisão "não reflete o grau de responsabilidade de cada um" e pretende recorrer.
Em relação a Leonardo, que confessou parcialmente os crimes, o defensor esperava uma pena menor por causa das informações que ele prestou à Justiça. "A contribuição dele foi fundamental para que a sistemática do esquema, nesse caso, fosse desvendada", afirmou.
Sobre os outros réus, Nater afirmou que as provas contra eles não foram produzidas durante a ação penal, mas no inquérito policial, o que contraria a lei. "O juiz não pode fundamentar sua decisão com base exclusivamente no inquérito. Essa prova teria que ter sido produzida no trâmite da ação penal, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa."
A Folha ligou para o escritório e para o celular do advogado Luiz Flávio Borges D'Urso, defensor de Márcio Bonilho, e deixou pedidos de manifestação sobre a sentença. Porém, o criminalista não retornou as ligações até o fechamento desta edição.
A reportagem ligou também para o advogado Jeffrey Chiquini da Costa, que defende Waldomiro de Oliveira, mas não conseguiu localizar o criminalista.
O Consórcio CNEC nega a participação em crimes ligados à Petrobras.