Ombudsman tem mandato renovado por mais um ano
Vera Guimarães Martins é a 11ª pessoa a exercer a função na Folha, primeiro jornal a criar o cargo no país, em 1989
Jornalista vê melhora no conteúdo do digital e encolhimento no do impresso, que, para ela, perdeu o diferencial
A jornalista Vera Guimarães Martins, 57, teve estendido por um ano seu mandato como ombudsman da Folha. Seu segundo período vai se encerrar em abril de 2016. O mandato é anual e pode ser renovado três vezes.
Vera é a 11ª ombudsman do jornal desde que o cargo foi criado, em 1989.
Cabe a ela escrever uma crítica interna diária, que é distribuída aos jornalistas, encaminhar as queixas e apontamentos dos leitores e escrever uma coluna semanal, publicada aos domingos em "Poder".
O momento mais difícil nesse primeiro ano, segundo ela, foram sem dúvida as eleições presidenciais. "A polarização aguda do ano passado tornou os leitores extremamente sensíveis e os ânimos inflamados", afirma.
Outro desafio, de acompanhar melhor os meios digitais, ainda se impõe. "As demandas do jornalismo impresso monopolizam a maior parte do meu trabalho e tornam inviável acompanhar o dinâmico e gigantesco conteúdo do site com a mesma dedicação."
O leitor digital, porém, recorre menos à mediação da ombudsman, ela ressalta. "Sua demanda é menos a de apontar erros ou criticar rumos e mais a de opinar sobre a própria notícia."
Em um ano, a ombudsman realizou 5.316 atendimentos, 96% deles por email.
Apesar de considerar fundamental, por um lado, o contato com o leitor pelas redes sociais, Vera acredita, por outro, que elas "produzem muito calor e pouca luz". Para uma troca mais produtiva de ideias ou para abordar questões multifacetadas, ela prefere "as colunas dominicais e o contato direto com o leitor que a procura".
FUSÃO
Sobre a integração das plataformas da Folha, a jornalista diz que o site levou vantagem, do ponto de vista do conteúdo publicado. "O conteúdo digital melhorou e ganhou musculatura com a adesão dos profissionais mais experientes do impresso, embora ainda tenha erros demais."
Já o impresso, segundo a ombudsman, perdeu o diferencial que tinha e não conseguiu criar outro.
"Seu espaço continua encolhendo, e a cobertura selecionada e com maior profundidade analítica, alternativa cogitada há alguns anos, ainda não aconteceu", afirma a jornalista, que atualmente está em férias e voltará a publicar a coluna na segunda quinzena de maio.