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Reunião com lobista agrava situação de ministro das Cidades

Negromonte, que já estava enfraquecido, deve deixar o cargo na reforma ministerial da presidente Dilma

PP, partido do ministro, procura um nome de consenso para indicar e, assim, manter o comando da pasta

MARIA CLARA CABRAL
LEANDRO COLON
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

A revelação de reuniões reservadas entre membros do PP com um empresário e um lobista para discutir projeto de informatização do Ministério das Cidades acelerou o movimento para a saída de Mário Negromonte na reforma ministerial em curso.

Interlocutores do Palácio do Planalto classificaram o episódio divulgado ontem pela Folha como "terrível", uma espécie de "extrema-unção" de Negromonte, já que sua situação era considerada delicada antes disso até por colegas de partido.

Pressionado, o ministro chegou a chorar durante uma cerimônia na Bahia no final do ano passado e admitiu entregar o cargo.

A oposição também se manifestou e pediu abertura de investigação à Procuradoria-Geral da República.

Diante da situação, a demissão de Negromonte dependeria agora apenas da negociação para decidir o nome de seu substituto.

Como mostrou a Folha, o ministro e dois assessores participaram de conversas com o dono de uma empresa de informática para discutir projeto antes que o processo de licitação fosse aberto.

Houve pelo menos três reuniões, entre maio e julho de 2011, na casa do deputado João Pizzolatti (PP-SC), ex-líder do PP na Câmara, com o dono da empresa Poliedro Informática, Luiz Carlos Garcia, interessado no negócio.

Negromonte admite que participou de um dos encontros. Nos dias 27 de julho e 5 de agosto, o Ministério das Cidades abriu dois processos internos para contratação de serviços ligados à informatização da pasta.

OUTRO LADO

Todos os envolvidos nas reuniões negam qualquer irregularidade.

Ontem, aliados de Negromonte atribuíram o vazamento do episódio a integrantes do partido que estariam interessados na queda dele.

"Sabemos que alguns políticos do PP não gostam do Mário e vazam boatos. Isso é claramente fogo amigo.", disse Nelson Meurer (PP-PR).

O grupo ainda atribuiu as acusações a uma ala próxima ao ex-ministro Márcio Fortes, atual presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica). A presidente Dilma Rousseff já teria sinalizado que gostaria de trocar Negromonte por Fortes, o que tem desagrado parte do partido.

COTADOS

A alternativa para solucionar um impasse interno e manter a pasta com a legenda seria encontrar um nome de consenso, algo considerado distante hoje.

Ontem, mais um nome passou a fazer parte das apostas internas: a deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM).

Antes dela, o líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), e os deputados Márcio Reinaldo (PP-MG) e Beto Mansur (PP-SP) já apareceram como possíveis substitutos de Negromonte.

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