Falta de estrutura da rede de saúde prejudica comunidades
No Vale do Javari, região de 8,5 milhões de hectares no coração da Amazônia de tamanho equivalente ao território da Áustria, a Secretaria Especial de Saúde Indígena enfrenta desafios para tentar conter a mortalidade infantil.
Algumas aldeias são tão distantes que os barcos gastam até 2 mil litros de gasolina para ir e voltar em 15 dias, segundo o coordenador da secretaria em Atalaia do Norte (AM), Heródoto Jean de Sales, 49. Uma simples viagem pode custar até R$ 15 mil.
Sales passou a alugar helicópteros em Tabatinga (AM) para casos de urgência, como vítimas de picada de cobra. Ele explicou que os índios também sofrem com os problemas estruturais da rede de saúde a que outros estão expostos em cidades da região.
Depois que o índio é socorrido pela Sesai, vai para os hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde). "Em Atalaia não se tem especialidade nenhuma", disse Sales. Casos complexos só são resolvidos em Manaus (AM), a 1.100 km.
"Na terra ianomâmi está ruim, mas onde não tem garimpeiro, nem Exército, está tudo contente, a criança com saúde", disse à Folha um dos líderes dos ianomâmi, Davi Kopenawa. "A comunidade está ruim onde tem garimpo."