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Análise

Medidas para aquecer economia devem ter impacto só em 2013

SÉRGIO VALE
ESPECIAL PARA A FOLHA

O presidente Médici, na década de 70, costumava dizer que a economia ia bem enquanto o povo ia mal. Evitando a repetição da história como farsa, hoje temos algo contrário a isso no Brasil.

Parece válido dizer que o povo tem melhorado seu padrão de consumo, considerando os números vistosos do mercado de trabalho.

Isso ocorre "pari passu" uma economia crescendo 3% na média nos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff, com gargalos evidentes na infraestrutura e riscos inflacionários que têm deixado o mercado insone.

Essa contradição tenderia a não durar, já que se espera que, se nada for feito e continuarmos a crescer nesse ritmo, o mercado de trabalho começará a sofrer. Algo, aliás, que já se percebe nitidamente em alguns setores, como a indústria.

Para manter o "feel good factor" tão importante politicamente, o governo tentará de qualquer forma reativar a economia neste ano. As medidas deverão ser mais do mesmo arsenal de 2011.

Alguma política industrial adicional, novas medidas de estímulo ao crédito, com queda de IOF e dos juros no curto prazo, pé no acelerador no gasto público, e, espera-se, que mais em investimento do que no corrente.

Dado que a crise europeia permanecerá em combustão, a tendência é que essas políticas não consigam muito impacto neste ano. Mas parece cada vez mais que 2013 poderá ser o "annus mirabilis" do governo Dilma.

Com os estímulos programados para 2012 e um encaminhamento mais concreto para a Europa, o caminho estará dado para um crescimento que poderá chegar facilmente a 6% no ano que vem.

O milagre será crescer num ano politicamente essencial, quando será definido o futuro de Dilma. Suas chances de reeleição dependem desses dois últimos anos de governo ficarem sob controle.

Como não se teve um estouro de crescimento nos dois primeiros, isso também ajuda a afastar o risco de inflação mais grave nesse momento, levando essa discussão mais intensa para 2013 e 2014.

Mas aí poderá ser tarde. Mesmo com a inflação em aceleração, o timing para o governo poderá ser excepcional: crescimento forte e inflação crescendo, mas nos patamares atuais ou um pouco maior "apenas". Talvez aí tanto a economia quanto o povo estejam caminhando juntos, mas num compasso menos do que perfeito.

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