Petrolão
PF prende lobista ligado a empreiteira e José Dirceu
Milton Pascowitch é acusado de repassar propina e contratou ex-ministro
Justiça bloqueia R$ 78 mi de operador que trabalhou para Engevix e outras empresas com negócios na Petrobras
A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (21) o lobista Milton Pascowitch, apontado como o operador que aproximou a empreiteira Engevix do PT e a ajudou a distribuir milhões de reais em propina para garantir seus contratos com a Petrobras.
Ao determinar a prisão, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato no Paraná, justificou a medida afirmando que Pascowitch podia movimentar recursos mantidos em contas secretas no exterior e fugir do país.
Segundo o procurador Carlos Fernando Lima, um dos responsáveis pelas investigações do esquema de corrupção descoberto na Petrobras, Pascowitch continuou movimentando dinheiro no exterior mesmo após as primeiras prisões do caso, há um ano.
O irmão dele, José Adolfo, também apontado como operador no esquema, prestou depoimento às autoridades e foi liberado em seguida. A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 78 milhões em contas dos dois irmãos.
Embora não tivesse um único funcionário registrado, a empresa de Pascowitch, a Jamp Engenheiros Associados, recebeu mais de R$ 80 milhões da Engevix entre 2004 e 2014. No mesmo período, também recebeu pagamentos de consórcios compostos por outras empreiteiras com negócios na Petrobras, como Odebrecht e UTC.
Convocado para depor na CPI da Petrobras nesta quinta, o ex-vice-presidente da Engevix Gerson Almada disse que permaneceria em silêncio e foi dispensado pelo presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).
Em depoimento à Justiça Federal em março, Almada disse que pagava Pascowitch para fazer lobby na Petrobras e afirmou que suspeitava que o lobista usava parte do dinheiro para pagar propina.
Segundo Almada, o lobista era também quem negociava com dirigentes do PT doações eleitorais feitas pela Engevix a candidatos do partido.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que colabora com as investigações e admitiu ter recebido propina para facilitar os negócios das empreiteiras, apontou Pascowitch como um dos 11 operadores que pagaram propina a ele e ao ex-diretor de Engenharia e Serviços da estatal Renato Duque, ligado ao PT.
Os procuradores da Lava Jato também analisam as ligações do lobista com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A empresa de Pascowitch pagou pelo menos R$ 1 milhão à empresa de consultoria de Dirceu entre 2011 e 2012.
"Ainda não sabemos quem são as pessoas com quem ele conversava no partido, mas vamos investigar", disse o procurador Carlos Fernando. Dirceu afirma ter prestado serviços de consultoria à Engevix e a Pascowitch no exterior.
Em seus depoimentos, Barusco afirmou que a propina na área de Duque variava de 1 a 2% do valor dos contratos e era destinada a parlamentares do PT e funcionários da Petrobras. Documentos obtidos pelos procuradores confirmam que parte do dinheiro foi paga fora do Brasil.
Extratos bancários mostram transferências de US$ 510 mil de empresas associadas a Pascowitch para contas de Barusco em dois bancos suíços. Pascowitch gostava de dizer que jogava golfe com Barusco, segundo um profissional que conhece o relacionamento entre ele e os petistas.
Pascowitch também fez pagamentos de R$ 895 mil a uma empresa de consultoria que Duque abriu após deixar a Petrobras, a D3TM, e de R$ 50 mil para o filho do ex-diretor da estatal. Uma escultura avaliada em R$ 220 mil e paga por Pascowitch foi apreendida no apartamento de Duque em março, quando o ex-diretor da Petrobras foi preso.
A polícia também prendeu o empresário Henry Hoyer de Carvalho, apontado como um dos operadores do PP no esquema de corrupção. Não havia mandado de prisão contra ele, mas os policiais encontraram em sua casa três armas sem documentação e ele foi preso por porte ilegal.