PT tenta conter deserções de prefeitos em SP
Preocupados com rejeição da sigla, petistas de cidades do interior negociam migração para base aliada de Alckmin
Maior aliado do PSDB em terras paulistas, PSB negocia a filiação de pelo menos nove prefeitos e ex-prefeitos
No momento em que o partido enfrenta uma das maiores crises de sua história, prefeitos e vereadores do PT em cidades do interior paulista ensaiam migrar para a base aliada do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para a disputa municipal do ano que vem.
O principal motivo da migração é o aumento da rejeição ao PT entre os eleitores paulistas. A preocupação de prefeitos e vereadores é que o fraco desempenho da sigla nas eleições estaduais do ano passado se repita em 2016.
Em 2014, o PT teve sua pior performance na disputa pelo governo estadual desde 1994, e sua bancada na Assembleia Legislativa de São Paulo caiu de 24 para 14 deputados.
As principais cidades com ameaças de defecções são Araçatuba, Bragança Paulista, Hortolândia, Itupeva e Jaú, todas administradas pelo PT. Nos cinco municípios, políticos do partido negociam com o PSB, comandando em São Paulo pelo vice-governador Márcio França.
"Eu estou na fase de discussões, mas não há nada concreto. Há conversas, não vou negar", reconheceu o prefeito de Itupeva, Ricardo Bocalon (PT), segundo o qual é "preocupante" a atual rejeição ao PT. "Não dá para falar que não é, principalmente em São Paulo", considerou.
CONTRA-ATAQUE
Para evitar uma debandada, a direção da sigla iniciou esforço para conter desertores. Nas últimas semanas, dirigentes do PT têm feito viagens para cidades do interior na tentativa de aproximar prefeitos e vereadores do partido e convencê-los da importância de tê-los na sigla em 2016.
Segundo relatos de petistas, a movimentação tem aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não escondeu sua preocupação com o enfraquecimento da legenda em São Paulo para a disputa eleitoral do ano que vem.
O cenário pessimista avaliado pelo partido é o de que, caso as defecções se confirmem, o PT pode sair da disputa municipal de 2016 com uma redução de até 30% no número total de prefeituras que comanda no Estado. A sigla administra atualmente 68 municípios de São Paulo.
À espera da senadora Marta Suplicy, que deixou o PT, o PSB paulista tem negociado a migração para a legenda de pelo menos nove prefeitos e ex-prefeitos petistas do interior do Estado para lançá-los na disputa eleitoral de 2016.
O partido pretende filiá-los no final de junho, no mesmo evento de anúncio oficial da entrada da senadora na legenda e depois da formalização da união do PSB com o PPS.
Pela legislação válida, a fusão é uma das prerrogativas para que deputados e vereadores mudem de sigla sem perder o cargo parlamentar.