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Assessor de ministro cai após reunião com lobista

Pasta das Cidades afirma que chefe de gabinete saiu por estar 'desmotivado'

Para aliados, estratégia de Negromonte seria entregar assessores próximos para tentar permanecer no cargo

LEANDRO COLON
MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA

O chefe de gabinete do ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), foi demitido ontem do cargo, dois dias depois de a Folha revelar sua participação em negociações com um empresário e um lobista interessados num projeto milionário do ministério.

Cássio Peixoto era homem de confiança do ministro e também é da Bahia, reduto eleitoral de Negromonte.

Foi levado ao ministério para assessorá-lo depois de ser diretor, por indicação do PP, da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) no governo do petista Jaques Wagner.

A exoneração de Peixoto não foi a pedido, segundo portaria publicada no "Diário Oficial". O Ministério das Cidades disse em nota que ele saiu "por estar desmotivado".

A queda dele foi encarada como um sinal de enfraquecimento do ministro por integrantes do seu partido, o PP.

Cotado para deixar o cargo na reforma ministerial em curso, Negromonte estaria fazendo movimento de entregar a cabeça de auxiliares em troca de preservar a própria.

Segundo aliados, o próximo passo seria a exoneração do secretário-executivo, Roberto Muniz, também da Bahia e aliado do ministro. O ministério nega que ele vá deixar o cargo.

Para se manter, Negromonte repassaria ao Palácio do Planalto a escolha do novo secretário-executivo, uma espécie de número 2 da pasta.

Seria uma forma de acalmar os ânimos da presidente Dilma Rousseff, que tem considerado ineficiente a gestão do Ministério das Cidades.

Entretanto, Negromonte ainda teria de negociar com o próprio PP sua permanência no ministério. O grupo adversário dele na legenda não esconde que trabalha para escolher um outro nome.

"Toda essa situação é ruim para o partido, essa situação de ter e ao mesmo tempo não ter ministro, porque ele está desgastado", disse o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).

O deputado Esperidião Amin (PP-SC) aproveitou para provocá-lo ao comentar a queda do chefe de gabinete: "Se o cara sai nesse momento ou é uma coincidência diabólica -e temos todo o direito de não acreditar em coincidências- ou realmente a história das reuniões teve um desdobramento no governo e o ministro tirou os anéis".

O deputado refere-se às reuniões reveladas pela Folha entre a cúpula do PP e o empresário Luiz Carlos Garcia, da Poliedro Informática, para discutir um projeto milionário do ministério.

O chefe de gabinete recebeu o empresário e o lobista Mauro César dos Santos no ministério em 9 de agosto. O encontro ocorreu depois de reuniões na casa do deputado João Pizzolatti (PP-SC).

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