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Análise

Cortes serão inevitáveis, mas o governo quer adiar seus custos

RICARDO BALTHAZAR
EDITOR DE PODER

No início do ano passado, a maioria dos analistas apostava que a presidente Dilma Rousseff seria incapaz de frear a acelerada expansão dos gastos federais e recuperar o controle sobre o Orçamento.

Encerrado o primeiro ano de seu mandato, Dilma entregou um resultado melhor do que o previsto, e agora seus assessores querem exibir esse desempenho como prova de que as coisas serão mais tranquilas daqui para frente.

É uma estratégia arriscada, porque os fatores que contribuíram para arrumar as contas do governo no ano passado dificilmente se repetirão.

Dilma superou a meta fiscal de 2011 por dois motivos: a arrecadação dos cofres da União cresceu muito, impulsionada pelo ritmo acelerado da atividade econômica até o primeiro semestre, e os investimentos públicos caíram.

Como a economia brasileira trocou de marcha na segunda metade do ano passado e tudo leva a crer que crescerá devagar em 2012, é improvável que as receitas do governo voltem a crescer com o mesmo vigor neste ano.

Além disso, o governo abriu mão de bilhões de reais em impostos para estimular alguns setores da indústria. E o aumento do salário mínimo forçará a Previdência Social a gastar mais neste ano.

O Orçamento de 2012 oferece pouca margem de manobra, e por isso os economistas fazem contas desde a virada do ano para tentar adivinhar a fatia das despesas que será congelada agora.

Todo presidente sempre começa o ano passando a faca no Orçamento para limar excessos cometidos pelo Congresso na aprovação da Lei Orçamentária, e é inevitável que isso se repita neste ano.

Mas é impossível fazer isso sem desagradar aliados e criar desconforto para o governo, e é por isso que parte da equipe de Dilma tenta vender a ideia de que o aperto poderá ser menor desta vez.

Dois terços do dinheiro extra incluído pelo Congresso no Orçamento de 2012 foram carimbados para projetos patrocinados por emendas de parlamentares. Interessa a Dilma adiar o quanto puder a hora de lidar com essa gente.

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