Criticado no PSDB, Aécio propõe 'carta de princípios' ao partido
Senador mineiro pretende apresentar documento na convenção da sigla, marcada para julho
Nas últimas semanas, fundadores da legenda reclamaram da postura 'quanto pior, melhor' de seus congressistas
Pressionado por setores mais ideológicos do partido e pela ofensiva política deflagrada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o senador Aécio Neves (MG) decidiu apresentar uma lista de propostas do PSDB para o resgate da economia do país.
O documento, que está sendo chamado por ele de "carta de princípios à nação", será divulgado na convenção do PSDB, em julho, quando Aécio será reconduzido à presidência nacional da legenda.
A ideia é que a carta traga ainda propostas para outras áreas. Com ela, Aécio responde a integrantes históricos do partido, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que cobram publicamente a adoção de uma postura mais propositiva por parte da oposição.
A iniciativa ainda faz frente à ofensiva do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que nas últimas semanas tem feito movimentos para nacionalizar o seu nome.
A ideia de Aécio é fazer da convenção uma solenidade "programática", para amenizar as críticas de que as bancadas do PSDB na Câmara e no Senado estão apostando no "quanto pior melhor".
Fundador do partido, o ex-deputado Arnaldo Madeira criticou a oposição do PSDB às medidas do ajuste fiscal e o apoio ao fim da reeleição, aprovada no governo de FHC.
"Aécio é presidente do maior partido de oposição. Não vi o partido ter uma posição organizada sobre esses temas. Há chute para todo lado", disse Madeira.
O próprio FHC, em artigo publicado neste domingo (7) no jornal "O Estado de S. Paulo", afirmou que a oposição "não deve escorregar para o populismo, e sim apontar caminhos". "A oposição de hoje será governo amanhã. [...] Não nos aflijamos eleitoralmente antes do tempo."
Aécio negou desconforto. "Talvez a maior virtude do PSDB seja a pluralidade. Nossa força vem daí, da capacidade de debater internamente, sem que isso signifique um racha", disse.
MAIORIDADE
Alckmin e Aécio despontam como pré-candidatos da sigla à Presidência em 2018. A expectativa era que eles mantivessem o embate interno em banho-maria até o ano que antecede o pleito.
Na semana passada, porém, Alckmin deu entrevista ao jornal "O Globo", do Rio, defendendo uma proposta alternativa à redução da maioridade penal. O gesto foi interpretado como um tentativa de "exportar" sua imagem e assumir a dianteira nos debates sobre o tema.
Alckmin sugeriu a aprovação de um texto que amplia a pena de menores infratores, mas não altera a maioridade --na eleição, no ano passado, Aécio defendeu outra proposta. O paulista disse ainda que buscará apoio em todos os partidos, inclusive o PT.
O governador vai a Brasília nesta terça-feira (9) defender sua tese junto à bancada do PSDB. Aécio vai participar da reunião, e vai advogar por outra estratégia.
O mineiro quer que seu partido adote como bandeira três projetos: o de Alckmin, o do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que abre a possibilidade do julgamento como maior de idade para adolescentes que cometerem crimes hediondos, e uma proposta feita por ele, que triplica a pena de quem usa menores para cometer crimes.
"Vou defender que o PSDB feche com esses três projetos, para buscarmos um consenso com outras siglas que não querem a redução pura e simplesmente, mas também entendem que é preciso dar uma resposta à sociedade", disse.