Petrolão
Consultor nega ter feito pagamentos a ex-diretor de estatal
Por meio de advogado, Raul Schmidt afirmou que 'jamais intermediou' repasse de propina para Renato Duque
Consultor admitiu ter 'relação comercial' com outro ex-diretor da Petrobras em empresa de energia na Suíça
Apontado como intermediário do pagamento de US$ 2 milhões em propina para um ex-diretor da Petrobras, o consultor da área do petróleo Raul Schmidt Felippe Júnior afirmou que vai acionar o banco Julius Baer para obter as "devidas reparações" pelo fato de a instituição financeira ter repassado informações sobre recursos que ele movimentou em Mônaco.
Como a Folha informou em maio, documentos enviados pelas autoridades de Mônaco aos procuradores da Operação Lava Jato mostram que Schmidt recebeu US$ 3 milhões do estaleiro coreano Samsung a título de comissões por assessorá-la num contrato com a Petrobras.
Extratos bancários do Julius Baer indicam que US$ 2 milhões (equivalentes a R$ 6,3 milhões) deste montante chegaram em junho de 2011 à conta da offshore Milzart Overseas, atribuída a Renato Duque, na época diretor de Serviços da Petrobras.
Por meio de nota, o advogado Leonardo Muniz, que defende Schmidt, afirmou que o consultor "jamais intermediou nenhum pagamento ao sr. Renato Duque".
"É equivocado o relato que o sr. Raul tenha apresentado o [ex-diretor da área internacional Jorge] Zelada e o sr. Duque para o banco Julius Baer. Em relação a esta e a outras atitudes tomadas pelo banco, o sr. Raul já está tomando providências para obter as devidas reparações desta instituição financeira e preservar seus direitos", afirmou o advogado.
O consultor admite conhecer Duque e Zelada desde quando trabalhou na Petrobras (entre 1980 e 1997)
APARTAMENTO
Os extratos bancários enviados por Mônaco mostram que uma offshore atribuída a Zelada fez depósitos de 809 mil euros (R$ 2,8 milhões) para uma das contas de Schmidt entre 2012 e 2013.
Segundo o relatório do banco, os dois eram coproprietários de um apartamento e Zelada teria adquirido a parte de Schmidt no imóvel. Os pagamentos referem-se a essa transação, conforme os documentos, mas não há detalhes sobre o imóvel.
De acordo com o Ministério Público de Mônaco, um executivo do banco Julius Baer informou que Zelada e Schmidt são "amigos de longa data".
O advogado de Schmidt também nega que os dois tenham sido coproprietários em qualquer imóvel.
A "única relação comercial" entre o consultor e o ex-diretor é mantida na TVP Solar, uma empresa de energia solar sediada em Genebra (Suíça), segundo o advogado.
Zelada teria sido convidado a integrar o conselho de administração da TVP em 2012, após deixar a Petrobras.
Segundo o defensor, Raul Schmidt vive há 10 anos fora do Brasil e investe em empresas start-ups e em móveis de design brasileiro.