Empresário ligado a holandeses vira delator
Suspeito de intermediar propina da SBM disse que sua atuação trouxe ganhos à Petrobras
O empresário Júlio Faerman, apontado como intermediário de propina paga pela empresa holandesa SBM Offshore a funcionários da Petrobras, disse nesta terça (9) à CPI da estatal que nunca foi lobista e que prestava serviços na área de petróleo.
Apesar de rechaçar a acusação, ele confirmou ter feito acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal --ainda não homologado pela Justiça-- para revelar o que sabe sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
Por isso, disse à CPI que não responderia perguntas e foi dispensado pelo presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que exigiu dele o compromisso de voltar ao fim da delação.
O ex-gerente da Petrobras e delator Pedro Barusco disse em depoimentos que passou a receber propina de Faerman em 1998. O caso da SBM, porém, só começou a ser investigado no início de 2014, paralelamente à Lava Jato.
À CPI Faerman disse ter começado a trabalhar para a estatal na década de 1960 e que depois fundou empresas para atuar na área de petróleo --uma delas, segundo ele, foi contratada em 1995 pela SBM para representá-la no Brasil.
"Desde então o trabalho por mim desenvolvido resultou em ganhos expressivos à Petrobras, especialmente em razão do novo modelo de contratação de plataformas de petróleo em águas profundas. Em razão dos serviços prestados à SBM em mais de uma década, venho sendo equivocadamente identificado como lobista, algo que nunca fui."
Com 77 anos e vivendo em Londres, ele disse que voltou ao Brasil por vontade própria para dar esclarecimentos --antes, até ser ameaçado com um pedido de prisão e convocação de seus filhos à CPI, Faerman não estava sendo localizado pela comissão.
"Peço desculpas se os fatos deixaram a errônea impressão de que me furtava a prestar esclarecimentos."