Justiça aponta petista como autor de ataques a Aécio em rede social
Servidor de estatal que ligou tucano ao consumo e tráfico de drogas usou computadores do governo
Dados indicam que tuítes foram feitos do Serpro e da Fazenda; senador processou perfis que o acusaram
Redes do Ministério da Fazenda e do Serpro, estatal responsável pelo sistema de tecnologia da informação de todo o governo federal, foram usados por um petista que a Justiça diz ter disseminado mensagens com acusações de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) traficava e consumia drogas.
As informações estão em dados entregues pelo Twitter ao judiciário de São Paulo, após processo aberto pelo tucano contra usuários do site.
O perfil do responsável pelas postagens nesses órgãos é o do chefe da divisão de "projetos e tecnologias educacionais" do Serpro em Belo Horizonte, Márcio de Araújo Benedito.
Filiado ao PT, ele integra a comissão de ciência e tecnologia da sigla em Minas. O perfil mantido por ele na rede social está entre os 55 que foram alvo de uma ofensiva judicial de Aécio, durante a campanha presidencial do ano passado. O tucano disputou a eleição contra a presidente Dilma Rousseff.
Na ação, Aécio pediu a quebra do sigilo de dados dos perfis para tentar identificar os autores das postagens.
O juiz Helmer Augusto Toqueton Amaral determinou que o Twitter entregasse os dados ao tribunal e, depois de analisar o conteúdo das postagens, autorizou o acesso dos advogados de Aécio aos dados de 20 usuários.
Ele concluiu que esses perfis produziram conteúdos que vincularam Aécio ao tráfico e ao consumo de drogas, o que daria ao tucano o direito de identificar os detratores.
De acordo com os dados entregues à Justiça, o petista também usou equipamentos da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, uma organização social ligada aos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. Ele acessou as redes dos órgãos por mais de três meses e usou estruturas de três Estados diferentes: Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Brasília.
Todos os órgãos citados negaram vínculo com o caso.
Procurado pela reportagem, Márcio Benedito negou ter feito "comentários que possam ser interpretados" como uma vinculação de Aécio ao tráfico e uso de drogas.
Notificado em setembro, ele diz que não apagou qualquer mensagem, embora publicações relacionadas nos dados entregues à Justiça não apareçam quando buscadas em sua conta.