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Depois de ameaça, Planalto demite indicado do PMDB

Diretor de órgão contra a seca caiu após fala de líder da bancada de deputados

Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) havia dito duvidar que Dilma fosse brigar com 'o maior partido do Brasil'

ANDREZA MATAIS
MARIA CLARA CABRAL
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

O governo decidiu demitir ontem o diretor-geral do Dnocs (órgão federal de combate à seca), Elias Fernandes, após receber ameaças do PMDB, que tentava mantê-lo no cargo.

A ação também "atropelou" Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), que comanda ministério ao qual o órgão é subordinado.

A demissão foi uma reação às declarações do líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), padrinho político do diretor do Dnocs.

Em entrevista à Folha ele disse duvidar que o governo brigaria com "metade da República" e "com o maior partido do Brasil".

O governo começou a cogitar tirar Fernandes do cargo depois que veio a público um relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) mostrando desvios de R$ 192 milhões na estatal.

No início da semana, o ministro Fernando Bezerra, pressionado pelo governo, confirmou que haveria mudanças no órgão, o que levou Eduardo Alves a sair em defesa do afilhado.

Mas, em dezembro de 2011, segundo documento obtido pela Folha, o ministro trabalhou para segurar o peemedebista no Dnocs.

Na época, ele encaminhou um ofício para a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) dizendo que, após analisar relatório da CGU, não havia necessidade de fazer uma "intervenção ministerial" por considerar a medida "demasiadamente drástica".

No documento, ele diz que os problemas se resolveriam apenas com a exoneração do diretor administrativo, o único que não tinha mais padrinho político.

A demissão de Fernandes foi determinada ontem pela presidente Dilma Rousseff. Coube à ministra da Casa Civil informar o vice-presidente, Michel Temer (SP), e Bezerra da decisão.

Temer vinha trabalhando para segurar o diretor do Dnocs no cargo ou buscar uma saída honrosa.

Atropelado, o vice-presidente reclamou com aliados.

No governo já há quem avalie que Eduardo Alves perdeu a condição de indicar o próximo dirigente do Dnocs após subir o tom.

Ele, porém, escreveu ontem no microblog Twitter que indicará o "novo nome".

No PMDB, a reação à demissão foi em tom de retaliação. Parlamentares disseram que não ajudarão mais ministros envolvidos em irregularidades. "Vamos avaliar nossa postura a partir de agora", disse o deputado Danilo Forte (PMDB-CE), que também perdeu uma vaga no Dnocs.

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