Após delação de Pessoa, UTC negocia leniência
Empreiteira buscou a Controladoria-Geral da União para evitar sanções
Dono da empresa citou políticos que receberam propina e disse que foi coagido a doar para a campanha de Dilma
A UTC, do empreiteiro e delator Ricardo Pessoa –que levantou suspeitas sobre a campanha de Dilma Rousseff à reeleição–, procurou a CGU (Controladoria-Geral da União) para firmar um acordo de leniência e se livrar de punições administrativas.
A Folha apurou que o órgão do governo federal aguarda aval do TCU (Tribunal de Contas da União) para prosseguir com as negociações.
Caso o acordo seja firmado, a UTC não poderá ser proibida de disputar contratos públicos, punição que pode ser imposta pela CGU. O órgão move processos contra 30 empresas por atos de corrupção na Petrobras.
Nesta quinta (16), o ministro Valdir Simão (CGU) revelou à CPI da estatal que o órgão foi procurado por uma empresa. Segundo fonte do TCU, trata-se da UTC.
Em sua delação, Pessoa citou políticos beneficiados pelo esquema de corrupção na Petrobras e disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por medo de perder contratos na estatal.
Outras cinco empresas suspeitas no caso negociam acordos de leniência, que já tiveram aval inicial do TCU: Galvão Engenharia, Engevix, OAS, Setal e SBM.
Nenhum acordo foi firmado até agora. Para que isso aconteça, a empresa tem que admitir infrações, colaborar com as investigações e comprometer-se a ressarcir o prejuízo, entre outras medidas.
O Ministério Público é crítico aos acordos por considerar que a CGU não tem como avaliar a relevância das provas entregues pelas empresas.
Simão e o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, defendem os acordos. Adams disse que o impedimento levaria firmas à falência.