Não investigamos instituições, diz Janot
Procurador rebate críticas de políticos à operação que apreendeu bens de senadores e diz que órgão apura fatos
Constituição garante à Procuradoria direito de investigar as mais altas autoridades da República, afirmou ele
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rebateu nesta segunda-feira (20) as insinuações de que sua recondução ao cargo pode estar ameaçada devido às investigações, comandadas por ele, de políticos no esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo Janot, a atuação do chefe do Ministério Público busca "investigar fatos e jamais instituições", trabalhando para fortalecer a República, o "que passa necessariamente pelo funcionamento de um Senado altivo e de pé".
A pedido de Janot, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou buscas em imóveis do senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e de outros cinco políticos investigados na Operação Lava Jato, o que provocou fortes reações no Congresso.
Em nota, o procurador-geral afirmou que a Constituição garante ao cargo "investigações de forma responsável" em relação às autoridades da República.
Desde março, quando o STF autorizou a abertura de inquéritos sobre 13 senadores e 22 deputados federais acusados de envolvimento no caso, a permanência de Janot no comando do Ministério Público tem sido alvo de ataques da cúpula do Congresso.
O movimento é articulado pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos investigados na Operação Lava Jato. Eles acusam Janot de agir politicamente no caso.
O mandato do procurador termina em 17 de setembro. Para ser reconduzido, ele terá que ser um dos três mais votados pela categoria, no dia 5 de agosto, ser indicado pelo Planalto e ter seu nome aprovado pelo Senado.
Concorrem com Janot os subprocuradores-gerais da República Carlos Frederico Santos, Mario Luiz Bonsaglia e Raquel Dodge. (MÁRCIO FALCÃO)