PSDB fará convocação na TV para protesto contra Dilma
É a primeira vez que a sigla se envolverá de maneira mais clara com os atos
Aécio Neves diz que partido não quer ser protagonista da manifestação; ele avalia participar do ato
O PSDB decidiu usar inserções de rádio e TV para convocar a população a participar da manifestação contra o governo marcada para 16 de agosto onde grupos pretendem, entre outras reivindicações, pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
É a primeira vez que o partido se envolverá de maneira mais clara a favor dos protestos de rua contra o governo. Em manifestações anteriores, lideranças tucanas deram seu apoio individualmente, sem a chancela oficial da legenda.
Três dos principais movimentos de rua críticos ao governo –Vem Pra Rua, Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltados Online– chamaram uma manifestação para agosto com o mote "Não vamos pagar a conta do PT".
Além de pedir a saída da presidente, o protesto irá se concentrar nas críticas ao ajuste fiscal e no ritmo fraco de crescimento da economia.
O senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), afirmou que as inserções de 30 segundos irão estimular a participação das pessoas nas manifestações. Elas serão veiculadas a partir da próxima semana.
"Aqueles que estiverem indignados ou até mesmo arrependidos mas, principalmente, cansados, devem se movimentar, ir às ruas", disse.
Apesar do envolvimento direto do PSDB nos atos, Aécio diz que a sigla não quer ser protagonista, mas vai atender a um pedido dos eleitores que pedem maior aproximação do partido com os atos. "Se simplesmente desconsiderarmos que elas [as manifestações] existem, acho que estamos fugindo da realidade. A cobrança dos nossos eleitores é enorme."
PRESENÇA
Criticado por não ter participado de outras manifestações contra o governo, Aécio afirmou que ainda não decidiu se estará na próxima, mas avalia sua ida "com mais possibilidade".
"Meu cuidado maior é que, a partir do momento em que eu disser que eu vou, isso dá uma impressão de que é um movimento de partido. Não é. Se eu decidir ir, vou como cidadão", afirmou.
A diferença, segundo ele, com as primeiras manifestações, é que agora há uma convergência entre a sociedade e os políticos.
"O PSDB deve participar como uma parcela da sociedade, jamais como protagonista dessas manifestações. Até porque, quanto mais da sociedade elas forem, mais legítimas e representativas elas serão", disse.
Outros partidos da oposição, como o DEM, PPS e Solidariedade também deverão fazer convocações por meio de suas redes sociais. "Vamos manter nossa posição. Quem participa, convoca", afirmou o presidente do DEM, o senador José Agripino (RN).
LIDERANÇAS
A primeiras inserções, que não tratarão dos movimentos de rua, trarão falas das principais lideranças tucanas, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador José Serra (SP).
"Nosso esforço nessa relargada será mostrar uma grande sintonia entre as principais lideranças do PSDB. Temos que estar sintonizados com as ruas e com a população cada vez mais indignada com o que está acontecendo", disse o tucano.
"Somos hoje porta-vozes do sentimento de indignação, do sentimento de frustração da sociedade brasileira e até de decepção de eleitores do próprio PT. Nossa aliança tem que ser com a sociedade", completou.
Aécio afirmou ainda que o governo passa por uma "grave crise de confiança" e que Dilma precisa admitir que mentiu durante a campanha eleitoral de 2014, ao negar ajuste fiscal, e que errou na condução da política macroeconômica do país para reconquistar a credibilidade do seu governo.