Lava Jato vira foco de eleição na Procuradoria
Além de Rodrigo Janot, outros candidatos à chefia do Ministério Público prometem reforçar investigações em curso
Declarações pró-Lava Jato foram dadas em rede de discussões internas; eleição será no dia 5 de agosto
Principal trunfo eleitoral de Rodrigo Janot e, ao mesmo tempo, pedra no sapato para sua recondução ao comando do Ministério Público Federal, a Operação Lava Jato também é importante peça de campanha dos outros três candidatos que disputam o cargo do atual procurador-geral da República.
Os subprocuradores-gerais da República Carlos Frederico Santos, Mario Bonsaglia e Raquel Dodge se comprometeram a manter e reforçar as investigações da Lava Jato, caso sejam escolhidos.
Nas discussões na rede interna do Ministério Público Federal, os candidatos foram cobrados por colegas para expor uma declaração em relação ao combate à corrupção e ao apoio que darão à equipe da Lava Jato.
Até agora, as discussões públicas entre os candidatos têm tratado mais de interesses corporativos. Prevê-se que o último debate, na próxima segunda-feira (3), tratará da ação do órgão para apurar os desvios de recursos públicos na Petrobras e, mais recentemente, no setor elétrico.
Na abertura da campanha, o Paraná foi o primeiro Estado visitado pelos candidatos Mario Bonsaglia e Raquel Dodge. Eles conversaram com os procuradores da força-tarefa para assegurar que a operação seguirá com total apoio.
"O meu primeiro ato foi exatamente uma visita à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, para afirmar de viva voz meu compromisso de manter integral apoio aos trabalhos e até de ampliá-lo, se necessário", escreveu Raquel Dodge na rede interna, aos colegas.
Bonsaglia fez o mesmo: "Reuni-me com os colegas da força-tarefa Lava Jato, oportunidade em que expressei-lhes meu apreço pelo trabalho que vem sendo brilhantemente feito", afirmou.
Experientes na área criminal, ambos acenam com a possibilidade de reforçar as equipes. E mencionam grandes operações das quais participaram ou comandaram.
O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos também reafirmou sua posição de apoio. "Não só os colegas do Paraná terão pleno apoio para desenvolver livremente as suas atribuições, mas também respeitarei a independência funcional e as atribuições de cada instância".
Santos, porém, tem uma visão mais crítica sobre a condução da Lava Jato: "Entendo necessário que efetivamente sejam agilizadas as investigações, o que leva à minimização dos desgastes das relações institucionais entre os Poderes da República, e tomadas as medidas cabíveis contra quem quer que seja, mas sem a utilização de artifícios midiáticos".
RECONDUÇÃO
No primeiro debate, no dia 29 de junho, Janot afirmou que merece permanecer no cargo por não vender ilusões nem fórmulas mágicas. Ele tem a simpatia dos procuradores pela atuação ativa à frente da Lava Jato.
Janot, porém, vem sendo criticado pelos políticos, também alvos da operação, o que pode ser um problema para sua eventual recondução, já que há uma sabatina do escolhido no Senado.
O Ministério Público Federal é um órgão independente dos Três Poderes. No dia 5 de agosto, os candidatos ao cargo serão submetidos a uma eleição na qual votam os membros do Ministério Público. Os três mais votados são submetidos à presidente Dilma Rousseff, a quem cabe escolher um dos nomes e enviá-lo para apreciação do Senado. O mandato é de dois anos, permitidas sucessivas reconduções.