Governo promete R$ 4,9 bi em emendas
Verba para deputados e senadores será liberada até dezembro; demora provocou traição de aliados em votações
Presidente Dilma e adversário Eduardo Cunha marcaram jantar com congressistas da base na mesma noite
No esforço para unir a base aliada e evitar a aprovação de pautas-bomba –projetos que custem caro aos cofres públicos– no Congresso, o Palácio do Planalto autorizou nesta quinta (30) a liberação, até dezembro, de R$ 4,9 bilhões referentes a restos a pagar de emendas parlamentares de 2014 e anos anteriores.
A primeira leva, liberada na semana passada, foi de cerca de R$ 700 milhões.
Segundo o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), o restante deve ser pago até outubro.
"São R$ 4,9 bilhões que começaram a ser liberados com R$ 700 milhões na semana passada. Vai ser espaçado [o pagamento] em agosto, setembro e outubro", disse.
A aposta do Planalto, porém, é que o pagamento seja feito até o fim do ano.
A demora para a liberação das emendas a deputados e senadores estava atrapalhando a articulação política do governo, comandada pelo vice-presidente Michel Temer, que relatou o problema diversas vezes ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
Parlamentares argumentavam que, já no meio do ano, os prefeitos diziam que não tinha dinheiro para executar obras e que, dessa forma, ficava difícil defender a gestão de Dilma Rousseff.
A insatisfação refletiu em votações importantes no Congresso, como a de medidas do ajuste fiscal, que tiveram defecções na base aliada.
A prioridade das emendas será para compra de equipamentos e máquinas, mas os recursos para obras, grande reclamação dos prefeitos, também serão contemplados.
JANTAR
Em campos políticos opostos, a presidente Dilma e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), distribuíram a aliados comuns convites para um jantar na mesma noite, a próxima segunda-feira (3), quando os congressistas começam a retornar a Brasília após as férias de julho.
Acuada por Cunha, que ameaça nos bastidores colocar pautas-bomba em votação e autorizar o início da tramitação de um pedido de impeachment contra ela, Dilma irá reunir presidentes e líderes das bancadas aliadas no Palácio da Alvorada.
Embora Cunha e Dilma estejam oficialmente rompidos, vários aliados de um também estão na lista de aliados do outro, como o PMDB, o PR e o PP.
Em seu jantar, Dilma quer tentar obter apoio para evitar exatamente a cristalização de manobras patrocinadas por Cunha, como a aprovação pelo Congresso de uma possível recomendação do TCU (Tribunal de Contas da União) para rejeição das contas do governo do ano passado.
A assessoria de Cunha afirmou que o convite de Dilma foi posterior ao do peemedebista. E que ele avalia se manterá ou não o encontro.