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Esvaziado, Fórum Social termina hoje sob crise existencial

Evento em Porto Alegre, que contou com a presença da presidente Dilma, foi ignorado por líderes estrangeiros

Um dos idealizadores, Chico Whitaker propõe mudança de estratégia para atrair insatisfeitos com o formato atual

Paulo Nunes/Correio do povo
Estudantes protestam durante Fórum Social, em Porto Alegre
Estudantes protestam durante Fórum Social, em Porto Alegre

BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Criado em 2001 como contraponto de esquerda à cúpula econômica de Davos, o Fórum Social Mundial encerra hoje sua 11ª edição esvaziado e com dúvidas sobre a própria capacidade de manter alguma relevância no cenário internacional.

O clima de crise existencial marcou o evento em Porto Alegre, que recebeu a primeira visita de Dilma Rousseff como presidente, mas foi ignorado por líderes estrangeiros e ganhou ares de congresso do PT.

Um dos idealizadores do fórum, o ativista Chico Whitaker expôs o desconforto na sexta-feira, em desabafo que surpreendeu a plateia acostumada com discursos empolgados sobre a derrocada iminente do capitalismo.

Ele disse que o encontro não conseguiu se conectar a novos fenômenos como os movimentos de "indignados", que passaram a ocupar ruas na Europa e nos EUA.

"Temos que mudar de estratégia. Hoje concordamos em tudo e saímos daqui satisfeitos com nós mesmos. Precisamos inventar uma maneira de começar a falar com os 99% que estão insatisfeitos", disse Whitaker.

Anunciado como evento preparatório para a Rio+20, o Fórum deste ano não conseguiu articular um consenso sobre a melhor forma de preservar o planeta.

Enquanto ambientalistas recitavam o discurso de defesa das florestas, intelectuais de esquerda alertavam que a causa seria usada pelo G8 para barrar o crescimento dos países emergentes.

Sem o FMI ou o governo Bush para combater, o fórum elegeu como alvo a ação da PM paulista em Pinheirinho. A causa uniu ativistas, a comitiva de Dilma e até a ex-presidenciável Marina Silva.

FALTA DE PÚBLICO

O fórum teve números modestos mesmo para a versão temática. Segundo a organização, 40 mil pessoas teriam participado, mas só 7.000 chegaram a se inscrever.

O acampamento para jovens não lotou, a marcha de abertura foi dominada por claques de centrais sindicais e as barraquinhas de livros marxistas e camisetas de Che Guevara praticamente sumiram da paisagem.

Até o discurso de Dilma sofreu com a falta de público, agravada pela decisão de espalhar atividades por mais três municípios gaúchos administrados pelo PT.

Em Porto Alegre, os debates na Assembleia Legislativa ajudaram a projetar o pré-candidato petista a prefeito, Adão Villaverde.

O presidente uruguaio José Mujica, convidado para debater com Dilma, cancelou a viagem. O boliviano Evo Morales e o venezuelano Hugo Chávez, que bateram ponto em anos anteriores, também não apareceram.

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