Collor chama procurador que o denunciou de 'sujeitinho à toa'
Senador questiona a estabilidade emocional de Janot e diz que ele tenta constranger o Senado
Ex-presidente vai participar de sabatina em comissão do Senado com Janot, que tenta ser reconduzido ao cargo
Denunciado pelo Ministério Público por suposta participação no esquema de corrupção na Petrobras, o senador Fernando Collor (PTB-AL) usou a tribuna da Casa nesta segunda (24) para classificar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "sujeitinho à toa", "fascista da pior extração" e "sujeito ressacado, sem eira nem beira".
O petebista afirmou ainda que Janot tenta constranger o Senado. "É esse tipo de sujeitinho à toa, de procurador-geral da República, da botoeira de Janot que queremos entregar à sociedade brasileira? Possui ele a estabilidade emocional, a sobriedade que sempre lhe falta nas vespertinas reuniões que ele realiza na procuradoria?", disse Collor.
Durante o discurso de cerca de 40 minutos, Collor afirmou que a Procuradoria tenta implantar um estado policialesco, cometendo "abusos inomináveis".
"Estamos diante de um sujeito ressacado, sem eira nem beira. [...] Trata-se de um fascista da pior extração", completou. A Procuradoria não se manifestou sobre o discurso do senador.
Collor e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foram denunciados por Janot na última quinta-feira (20). O procurador-geral pediu a condenação dos dois sob a acusação de terem cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Esta foi a primeira vez que o senador falou publicamente após a denúncia.
Na semana passada, Collor recorreu a uma manobra para poder participar, na quarta (26), da sabatina de Janot, que tenta ser reconduzido à chefia do Ministério Público.
Líder do bloco que agrega o PTB, PR, PSC e PRB, Collor destituiu o senador Douglas Cintra (PTB-PE) e se indicou para compor a suplência da comissão. Na quarta (19), apresentou um voto em separado contrário à aprovação do nome de Janot.
De acordo com senadores próximos a Collor, ele tentará constranger o procurador durante a sabatina. Como suplente, poderá participar das discussões mas só terá direito a voto se algum senador do seu bloco estiver ausente.
Caso o nome de Janot seja aprovado pela CCJ, ele ainda terá que passar pelo crivo do plenário do Senado, onde terá que obter pelo menos 41 votos favoráveis à sua recondução, de um total de 81 senadores.
SIGILO
Desde que passou a ser investigado pela Lava Jato, Collor tem feito duras críticas à atuação do procurador-geral. No início do mês, em pronunciamento na tribuna do Senado, ele chamou Janot de "filho da puta".
A denúncia contra Collor está sob sigilo, por isso não é possível ter detalhes do caso que tramita no Supremo Tribunal Federal.
Segundo a Folha apurou, investigadores da Lava Jato apontam que um grupo ligado ao senador recebeu cerca de R$ 26 milhões em suposta propina do esquema de corrupção da Petrobras entre 2010 e 2014.