Petrolão
PF indicia Dirceu, Vaccari e outros 12 na Lava Jato
Ex-ministro é suspeito de formação de quadrilha, lavagem e corrupção
Entre os indiciados estão um irmão e uma filha do ex-ministro, um assessor dele e um ex-diretor da Petrobras
A Polícia Federal indiciou nesta terça (1º) o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e outras 12 pessoas suspeitas de desvios em contratos da Petrobras investigados na Lava Jato.
Entre os indiciados, também estão um irmão e uma filha do ex-ministro, assessores dele, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e sócios da empreiteira Engevix.
A PF diz que Dirceu cometeu crimes de corrupção, lavagem, falsidade ideológica e formação de quadrilha.
Em relatório referente a dois inquéritos envolvendo Dirceu finalizados nesta terça, a PF concluiu que R$ 59 milhões foram utilizados em pagamentos de propina.
A PF citou depoimentos do delator Milton Pascowitch, que disse ter feito repasses à empresa de Dirceu, a JD Consultoria, e pagamentos a pessoas próximas a ele por meio da empresa Jamp Engenheiros. De acordo com a PF, a Jamp recebeu, no período investigado, R$ 12,5 milhões da Engevix, que mantém contratos com a Petrobras.
A PF também sustenta que a Jamp fez pagamentos, articulados por Vaccari, que beneficiaram o PT, inclusive por meio de doações oficiais.
Em outra frente da investigação, a PF concluiu que Dirceu recebia parte do faturamento das empresas Hope e Personal, que prestam serviços à Petrobras. Segundo o relatório, Dirceu ganhou 30% do faturamento das empresas no período 2010-2013, cerca de R$ 500 mil mensais.
Os irmãos Fernando e Olavo Moura também foram indiciados. Eles são suspeitos de viabilizar os negócios e se beneficiar deles.
NÚCLEO CRIMINOSO
A PF afirma que até o momento não há sinais de que as empresas que remuneraram a JD Consultoria receberam algum tipo de serviço de volta. O dinheiro, diz o relatório, pagou empregados, ex-mulheres de Dirceu e o ajudou a fazer uma "guerrilha midiática" na época do julgamento do mensalão.
A suspeita de falsidade ideológica decorre da suposta simulação de contratos de consultoria para justificar o recebimento de repasses.
Camila de Oliveira e Silva, filha de Dirceu, se beneficiou da compra de um imóvel pela Jamp, de acordo com a PF, e foi indiciada sob suspeita de lavagem de dinheiro.
A PF também indiciou Roberto Marques, funcionário da Assembleia Legislativa de São Paulo e ex-assessor de Dirceu, e pediu seu afastamento do cargo público.
O ex-ministro foi preso há um mês na 17ª fase da Lava Jato, batizada de "Pixuleco". Em depoimentos à CPI da Petrobras e à polícia, ele preferiu se manter em silêncio. Vaccari está detido desde abril e é réu em outros processos.
O delegado Márcio Adriano Anselmo, que assinou o relatório da PF, afirmou que uma "estrutura criminosa sistêmica foi inserida no seio estrutural do governo federal" e que a cobrança de propina de prestadores de serviço da Petrobras "custeava o núcleo criminoso que dirigia o país".
Para o policial, José Dirceu manteve "poder político" mesmo depois de deixar o governo federal e se beneficiou de repasses mesmo quando já cumpria a pena imposta pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão.