PP discutiu propina com ministros, afirma Youssef
O doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores do esquema de corrupção da Petrobras, afirmou à Polícia Federal que lideranças do PP procuraram ministros do governo Dilma Rousseff para discutir a destinação de propina do esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo o doleiro, no início do governo Dilma, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa "mencionou claramente nas reuniões com lideranças do PP que necessitava de uma indicação do Palácio do Planalto acerca de a qual grupos do PP deveria direcionar os recursos do esquema de corrupção na Petrobras".
Consta em documento da PF que, segundo Youssef, a questão foi tratada com Gilberto Carvalho, que foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência no governo Dilma e chefe de gabinete do ex-presidente Lula, e a ex-ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), responsável pela articulação política com o Congresso.
Aos investigadores, Costa negou ter tratado do assunto com os ministros.
De acordo com Youssef, o destino da propina do PP ficou indefinido por três ou quatro meses. Ainda segundo o delator, o deputado Nelson Meurer (PP-SC) e o ex-ministro Mário Negromonte (PP-BA) disseram ter falado sobre a Petrobras com os ministros.
Segundo a PF, Youssef afirmou que, "quando se refere ao tema Petrobras, obviamente" quer dizer o "esquema de distribuição de vantagens indevidas a parlamentares do PP".
A PF pede que Ideli e Carvalho, apesar de não serem alvos da Lava Jato, sejam ouvidos, porque seria "plausível que as tratativas políticas realizadas pelos parlamentares do PP tenham sido feitas tal como citado por Youssef".
Os ministros não foram encontrados para comentar o caso.