Cerveró cita propina para campanha de Lula em 2006
Revista 'Época' traz relatos do ex-diretor
Preso na Lava Jato, executivo negocia delação, cita Temer, Renan, Jader e Collor, mas não tem provas
Sem apresentar provas, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse ter negociado uma propina de R$ 4 milhões que seria paga pela Odebrecht à campanha à reeleição do então presidente Lula, em 2006.
Segundo a revista "Época", essa é uma das informações oferecidas por Cerveró para firmar um acordo de delação. Ele já foi condenado a 17 anos de prisão. Seus advogados já se reuniram com os procuradores, mas o acordo não saiu pois o ex-diretor não tem provas e fala de episódios desimportantes para a investigação.
Cerveró disse que a propina estaria ligada à reforma –não realizada– da refinaria de Pasadena (EUA), que seria tocada pela Odebrecht por encomenda da Petrobras.
O acordo, disse, foi acertado às vésperas da eleição de 2006 entre ex-executivos da Odebrecht e ex-diretores da estatal num almoço no Rio.
O ex-diretor descreveu ainda um encontro com o vice-presidente Michel Temer em 2007. Afirmou que estava sendo achacado por peemedebistas que exigiam US$ 700 mil mensais para mantê-lo no cargo. Recorreu ao pecuarista José Carlos Bumlai para o colocar em contato com Temer. O político confirmou a reunião, mas negou intervenção.
Cerveró, sempre segundo à revista, disse ter pago US$ 6 milhões para os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL) com dinheiro de contratos para a construção de navios-sonda.
Ele também contou que Lula "agraciou" o senador Fernando Collor (PTB-AL) com cargos na BR Distribuidora.
O ex-diretor relatou ainda que ele próprio ajudou Collor a fechar negócio com uma rede de postos que rendeu propina ao senador alagoano.
OUTRO LADO
Em nota, a Odebrecht classificou o texto da "Época" como "ilações [...] baseadas em suposto contrato nunca firmado e em supostas afirmações de hipotética delação premiada".
Os demais citados negam ter participado de qualquer irregularidade.