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Haddad inicia caça aos votos de Marta

PT começará campanha levando pré-candidato às regiões de São Paulo que deram maiores votações à ex-prefeita

Partido traça roteiro de visitas para apresentar ex-ministro na periferia e tentar atrair senadora para o palanque petista

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

O PT vai começar a corrida à Prefeitura de São Paulo levando Fernando Haddad aos bairros da periferia que deram as maiores votações a Marta Suplicy nas últimas eleições municipais, mas ainda veem o ex-ministro como um ilustre desconhecido.

A estratégia tem três objetivos: reduzir o anonimato do pré-candidato nos redutos petistas, acelerar a sua subida nas pesquisas de intenção de voto e tentar atrair a presença da senadora, que tem se recusado a participar das reuniões da pré-campanha.

A maratona será iniciada depois do Carnaval. Segundo o plano do PT, Haddad dedicará dois dias por semana a um roteiro de visitas a regiões das zonas sul e leste da capital -locais onde Marta teve seu melhor desempenho em 2000, 2004 e 2008.

"Vamos começar onde o PT é mais forte", resume o presidente municipal do partido, vereador Antonio Donato.

A primeira escala da turnê eleitoral já está definida: M'Boi Mirim (zona sul), na zona eleitoral de Piraporinha. Lá Marta recebeu 67,77% dos votos no segundo turno de 2008, quando foi derrotada pelo prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM, hoje no PSD).

O segundo bairro na lista deve ser Guaianases (zona leste), onde Marta teve 62,51% dos votos há quatro anos.

Para a cúpula petista, essas regiões são inclinadas a apoiar qualquer candidato do partido, mas ainda não sabem quem é Haddad e estão longe de identificá-lo como herdeiro do legado da ex-prefeita.

Pesquisa Datafolha divulgada no último domingo mostra que a população de menor poder aquisitivo, concentrada nas zonas sul e leste da capital paulista, é a que menos conhece o ex-ministro.

No grupo com renda familiar de até cinco salários mínimos, 65% dizem que não o conhecem, e apenas 6% dizem conhecê-lo muito bem. Na faixa acima de dez salários mínimos, os números são de 39% e 14%, respectivamente.

Apesar do apoio do ex-presidente Lula, Haddad não ultrapassa 5% das intenções de voto, em seu melhor cenário.

CURSINHO

Além de apresentar Haddad à periferia, os petistas querem apresentar a periferia a Haddad. A ideia é transformar as visitas numa espécie de "cursinho" sobre as áreas mais carentes da cidade.

Como nunca disputou uma eleição, ele ainda demonstra pouco conhecimento sobre problemas locais, não chama os líderes comunitários pelo nome e está sujeito a gafes capazes de irritar os militantes.

Um exemplo sempre lembrado é a vaia que recebeu no Itaim Paulista, em outubro, após confundir o bairro da zona leste com o rico Itaim Bibi, do outro lado da cidade.

"Haddad precisa ser apresentado às nossas bases, conhecer os problemas de cada bairro e valorizar o legado da prefeita Marta", afirma o vereador Chico Macena.

Os petistas querem montar um "plano de mídia" para cada visita, com entrevistas a rádios e jornais locais.

Haddad tem sido orientado a valorizar sua participação em trunfos do governo Lula na área social, como o ProUni, e exaltar realizações de Marta como os CEUs.

Isso também ajudaria a convencer a ex-senadora a deixar de lado a mágoa por ter sido preterida e a se engajar na pré-campanha.

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