Lobista diz ter feito depósito em conta de Cunha no exterior
À PF, Henriques afirmou que só depois do pagamento foi informado de que peemedebista era o beneficiado
Depoimento que compromete o presidente da Câmara foi enviado pelo juiz Sergio Moro ao STF
O lobista João Augusto Rezende Henriques afirmou ter feito repasse de dinheiro para uma conta no exterior que tinha como beneficiário o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Henriques é citado pela força-tarefa da Lava Jato como lobista do PMDB na área Internacional da Petrobras.
Em depoimento à Polícia Federal na sexta (26), Henriques disse que, quando fez a transferência, não sabia que a conta pertencia a Cunha e que tal informação só foi obtida por meio de autoridades da Suíça há dois meses.
Nesse depoimento, ele não cita valor e data da operação.
O conteúdo da fala foi divulgado pelo site do jornal "O Estado de S. Paulo".
Segundo o advogado do lobista, José Cláudio Marques Barboza Júnior, Henriques tinha que fazer um pagamento de uma comissão para o economista Felipe Diniz, que indicou que o valor deveria ser depositado em uma conta no exterior. Posteriormente, veio a saber que a conta tinha Cunha como beneficiário, segundo o advogado.
Diniz teria direito a uma comissão por ter ajudado no negócio de aquisição pela Petrobras de um campo de exploração em Benin, na África.
Apenas quatro anos depois de entrar no negócio, a Petrobras deixou o projeto no país africano em julho deste ano.
Diniz é filho do deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009.
Em depoimento à Justiça Federal no mês passado, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato, afirmou que era de conhecimento público na estatal que o ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Zelada tinha chegado ao cargo com o apoio do PMDB de Minas Gerais e de um deputado do Estado com sobrenome Diniz.
Outro colaborador da Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, afirmou que Henriques disse a ele que havia conseguido colocar Zelada na chefia da área internacional com apoio do PMDB de Minas Gerais, "mas quem dava a palavra final era o deputado Eduardo Cunha".
O depoimento de Henriques já foi enviado pelo juiz Sergio Moro ao STF (Supremo Tribunal Federal), pois Cunha possui direito a foro privilegiado por ser deputado.
A Procuradoria-Geral da Suíça informou nesta segunda que está investigando criminalmente Henriques e também o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, outro nome vinculado ao PMDB na Lava Jato. Já há apurações abertas no país contra Musa e o lobista Julio Camargo, que citaram Cunha em seus depoimentos. Segundo Camargo, Cunha teria recebido US$ 5 milhões de propina.
A procuradoria da Suíça informou que não poderia comentar se Cunha já é alvo de investigação no país.