STF autoriza polícia a interrogar Lula
Ex-presidente será ouvido pela PF como informante em inquérito que investiga políticos na Operação Lava Jato
Delegado argumenta que, apesar de não terem provas, dois delatores disseram que petista sabia dos crimes
Relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Teori Zavascki autorizou nesta sexta-feira (2) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido, na condição de "informante", em inquérito que investiga a participação de políticos no esquema de corrupção na Petrobras.
Na mesma decisão, o ministro rejeitou pedido do PSDB para que o STF esclareça se a Polícia Federal pode investigar a presidente Dilma Rousseff na operação.
Em relação a Lula, Teori atendeu a pedido da PF que também recebeu aval da Procuradoria-Geral da República. O ministro destaca que o fato de o petista depor não faz dele um investigado.
Teori, no entanto, não especificou se Lula deve ser ouvido como testemunha, como indicou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Com isso, essa questão ficará a cargo da PF.
Quando alguém depõe como testemunha, passa a poder ser responsabilizado caso minta às autoridades.
Também foram autorizada as oitivas, como testemunhas, do presidente do PT, Rui Falcão, de José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli, ex-presidentes da Petrobras, de José Filippi Jr., ex-tesoureiro de campanhas eleitorais de Lula e Dilma, e dos ex-ministros Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e José Dirceu.
O depoimento de Lula foi pedido pelo delegado da PF Josélio Azevedo de Sousa. Em seu relatório, ele afirma que, apesar de não haver provas do envolvimento direto do ex-presidente, a investigação "não pode se furtar" a apurar se ele foi ou não beneficiado pelo esquema na Petrobras.
O delegado argumenta que o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, ambos delatores, "presumem que o ex-presidente tivesse conhecimento do esquema de corrupção", tendo em vista "as características e a dimensão" do caso, embora não tenham apresentado elementos contra o petista.
Sobre o pedido do PSDB para que Dilma seja ouvida pela PF, Teori classificou-o de "inviável", pois o STF não é um órgão consultivo e a iniciativa, segundo ele, teria que partir do Ministério Público.
O PSDB alegava que as mesmas condições de Lula se aplicam à presidente.