Supremo suspende as ações do eletrolão
Defesa de empreiteira alegou que caso deveria ser remetido ao STF por menção de propina ao ex-ministro Lobão
Ministro Teori Zavascki deve decidir se processo continua na Justiça do Paraná ou se passa ao STF e é desmembrado
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki decidiu nesta sexta (2) suspender o andamento, na Justiça do Paraná, do chamado eletrolão, que investiga esquema de corrupção na Eletronuclear e suposto pagamento de propina em contrato da obra da usina Angra 3.
A decisão foi tomada após o surgimento de indícios de envolvimento do senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia dos governos Lula e Dilma.
Teori, que é relator da Lava Jato, vai decidir se o caso continuará nas mãos do juiz federal Sergio Moro ou se passará a tramitar no STF e será desmembrado.
Em decisão liminar, Teori atendeu a um pedido da defesa de Flávio Barra, executivo da Andrade Gutierrez, argumentando que o juiz do Paraná pode ter usurpado competência ao investigar um congressista, o que só pode ser feito pelo Supremo.
Os advogados alegam ainda que as investigações deveriam sair das mãos de Moro porque os fatos não têm relação direta com o esquema de corrupção na Petrobras. A defesa cita decisão do STF que fatiou os processos da Lava Jato, redistribuindo casos sem conexão com a estatal.
O empresário Ricardo Pessoa, da UTC, disse, em acordo de delação premiada, que Lobão solicitara R$ 30 milhões para o PMDB por causa do contrato de Angra 3 e que houve uma reunião entre empresas em que ele informou os executivos sobre o pedido.
O executivo Dalton Avancini, que era da Camargo Corrêa, também citou a reunião em delação. À PF, Flávio Barra confirmou o encontro.
Teori disse ainda que não está claro se Moro investigou Lobão de forma proposital e manteve as decisões já tomadas pelo juiz no caso.
De acordo com as investigações, empresas envolvidas na Lava Jato foram favorecidas também nas obras de Angra 3 após pagamento de propina.