Comércio com exterior tem maior deficit em dois anos

Após encerrar 2011 com resultado positivo recorde, o Brasil iniciou 2012 registrando seu primeiro déficit na balança comercial em dois anos.

A crise nas economias da União Europeia, que até agora não havia impactado com força as exportações, determinou o pior saldo negativo da história para meses de janeiro, de US$ 1,29 bilhão.

Em média, o país vendeu US$ 131,5 milhões por dia para países europeus, uma redução de mais de 25% na comparação com o mesmo período do ano passado.

As exportações totalizaram US$ 16,1 bilhões em janeiro, alta de 1,3% na média diária em relação ao mesmo mês de 2011. Se os países da UE fossem excluídos, as vendas externas teriam crescido 9,8%.

O bloco, que representa 18% das exportações brasileiras, não foi responsável sozinho pelo mau resultado: as vendas para a China recuaram 2,1%. O câmbio também tem tido papel importante, ao estimular importações e diminuir vendas externas.

"O exportador saiu da zona de conforto", disse a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres.

Para 2012, ela admite um cenário em que as vendas externas não cresçam em relação ao ano passado.

Prazeres disse que o mau resultado de janeiro é um motivo a mais para o governo lançar as anunciadas medidas de estímulo à exportação.

A retração nas vendas do minério de ferro, de 10% nos preços e 20% na quantidade vendida, também teve peso no deficit. "Os embarques foram prejudicados pela chuva", afirmou José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil.

Ele apontou que os dados de janeiro e fevereiro não servem de parâmetro para o resto do ano. "É um período em que não tem o peso de safras importantes, como soja."

IMPORTAÇÕES

No caso das importações, a alta na média diária na comparação com janeiro de 2011 foi mais expressiva, de 12,3%. No total, o Brasil comprou US$ 17,4 bilhões de outros países no mês passado.