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Negromonte cai e culpa 'denúncias vazias'

Ministro das Cidades é o sétimo a sair sob suspeita de irregularidades; líder do PP na Câmara será seu substituto

Novo titular da pasta, Aguinaldo Ribeiro diz que vai trabalhar pela união do partido, que continua rachado

O ministério da presidente Dilma Rousseff em janeiro de 2011
O ministério da presidente Dilma Rousseff em janeiro de 2011

DE BRASÍLIA

Indicado pelo PP, o ministro Mário Negromonte entregou ontem o pedido de demissão do Ministério das Cidades. O líder do partido na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), será o substituto.

Foi o sétimo ministro de Dilma Rousseff a cair sob suspeita de irregularidade, o primeiro neste ano.

Em carta entregue à presidente, no Palácio do Planalto, o ex-ministro disse que foi alvo de "denúncias vazias".

À Folha Negromonte afirmou que saiu por questões políticas: "Aqui não tem ilegalidade, não tem corrupção. O problema foi político. Não foi de gestão. Nenhuma denúncia vingou".

Desde o ano passado, o ministro enfrentava desgaste no cargo. Foi envolvido em suspeitas de pagamentos de mesadas a colegas do PP, fraude num parecer de um projeto da Copa do Mundo e direcionamento de emendas para favorecer sua mulher na Bahia.

Como revelou a Folha, o ministro teve seu nome ligado a reuniões sigilosas com empresário e lobista na casa do deputado João Pizzolatti (PP-SC). Negromonte participou de um dos encontros. O caso derrubou o chefe de gabinete dele, Cássio Peixoto.

'PALAVRAS DE CONFORTO'

O ex-ministro, que voltará à Câmara para cumprir seu mandato de deputado, disse que, "com as palavras de conforto da presidente, saio mais tranquilo do que entrei".

Dilma manifestou-se de maneira protocolar, por meio de nota da assessoria. "A presidente da República agradece os serviços por ele prestados ao país à frente da pasta e lhe deseja boa sorte em seus novos projetos."

A queda de Negromonte é mais um capítulo da reforma ministerial em curso.

Sua gestão à frente do ministério nunca agradou à presidente Dilma, e ele não conseguiu apaziguar sua bancada no Congresso, dividida enque os que o apoiavam e os que pediam a sua saída. A demissão dele foi antecipada no sábado pela Folha.

Ciente do desgaste e do risco de perder a pasta, o PP negociou sua saída e conseguiu ficar com o ministério.

O nome de Aguinaldo Ribeiro, 42 anos, não é consenso na bancada -ele é desafeto do grupo de Negromonte-, mas sempre foi bem-visto no Planalto e teve o respaldo do presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ).

Ribeiro disse que vai trabalhar pela unidade do partido, que é aliado do governo: "Essa é nossa prioridade. Tanto na liderança como nesse novo desafio [ser ministro] que Deus nos designou".

Questionado sobre relações políticas, disse: "Procurei sempre construir boas relações. Sempre tive postura de debater ideias e há valores que acho fundamental nunca extrapolar e nunca entrar no jogo sujo dos políticos".

REFORMA

A substituição não é a primeira do ano. Na semana passada, Fernando Haddad deixou o Ministério da Educação para se dedicar à disputa pela Prefeitura de São Paulo.

O petista Aloizio Mercadante, então na Ciência e Tecnologia, assumiu o posto. Para seu lugar, foi Marco Antonio Raupp (PMDB).

A expectativa é que Dilma defina com o PDT o novo ministro do Trabalho. O cargo é ocupado pelo interino Paulo Roberto dos Santos Pinto, que assumiu após a queda de Carlos Lupi, em dezembro.

(CATIA SEABRA, FLAVIA FOREQUE, NATUZA NERY E LEANDRO COLON)

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