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PT quer fazer pesquisa para testar aliança com Kassab

Consulta medirá reação a possível apoio do prefeito a Fernando Haddad

Petista diz que acordo pode provocar rejeição na periferia; candidato vai ouvir as bases do partido nesta semana

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

O PT quer encomendar uma pesquisa de opinião para avaliar a reação do seu eleitorado a uma possível aliança com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) na sucessão municipal em São Paulo.

O objetivo é saber se a negociação, iniciada pelo ex-presidente Lula, tem mais potencial para somar ou para tirar votos do pré-candidato petista, Fernando Haddad.

Os números devem ajudar a definir a queda de braço no partido, que está dividido sobre a hipótese de aceitar o apoio do rival histórico.

A ala contrária ao acordo aposta na rejeição a Kassab na periferia, reduto tradicional do PT paulistano, para convencer a cúpula da sigla a barrar a articulação.

"A aliança pode até ser aprovada pela direção do PT, mas certamente vai causar problemas com a nossa base eleitoral", diz o deputado federal Carlos Zarattini.

"A população mais pobre reclama muito da gestão dele. E não estou falando dos militantes petistas, e sim de eleitores comuns que costumam votar no PT", afirma.

Pela proposta debatida no PT, a pesquisa deve combinar duas perguntas. A primeira medirá a propensão do eleitor a votar num petista -uma forma de medir o piso eleitoral de Haddad, que ainda é pouco conhecido e tem 5% das intenções de voto.

A segunda questionará se o apoio do prefeito poderia levar o eleitor petista a votar em outro candidato para expressar sua rejeição a Kassab.

NÚMEROS

Hoje apenas 22% dos paulistanos dizem aprovar a administração do prefeito, segundo pesquisa Datafolha realizada em 26 e 27 de janeiro.

O apoio do prefeito levaria 46% a não votar num candidato e seria indiferente para outros 37%. Só 14% disseram que a indicação de Kassab pode levá-los a escolher alguém.

O próprio Haddad vai se dedicar a uma pesquisa informal com as bases do partido nos próximos dias.

Ele aproveitará encontros promovidos pelas secretarias setoriais do PT para medir a reação à possível aliança. As reuniões terão a participação de militantes que atuam em movimentos sociais de moradia, saúde e educação -áreas que concentram focos de resistência ao prefeito.

Na última quarta-feira, Kassab anunciou a doação de um terreno da prefeitura ao Instituto Lula para a construção de um museu que abrigará o acervo do ex-presdiente.

Além de agradar o maior líder do partido, o gesto pode servir como primeiro passo para reduzir o estranhamento do eleitor lulista à proximação com o ex-adversário.

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