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Presidente cobra 'atitude republicana' de novo auxiliar

Aguinaldo Ribeiro assume Cidades no lugar de Mário Negromonte, também do PP, que teve atuação questionada

FLÁVIA FOREQUE
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff cobrou ontem atuação "rigorosamente republicana" do seu novo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro.

Após ver ministros deixarem o governo sob acusação de favorecimento a partidos ou redutos eleitorais, a presidente pediu ao deputado tratamento igualitário na distribuição de verbas aos Estados.

"Sem respeitar a Federação, não é possível executar os programas dentro do Ministério das Cidades, porque a atividade exige parceria. E isso impõe ao seu titular capacidade de negociação, bom trânsito político e postura rigorosamente republicana."

Em seu discurso, Ribeiro defendeu mudanças na relação entre gestores e órgãos de fiscalização.

Segundo ele, a Controladoria-Geral da União, o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público podem "desestimular" administradores.

"Nós temos uma burocracia. (...) É tudo assim tão complicado que chega em alguns momentos a ser desestimulante para quem é gestor."

Para o ministro, o Congresso precisa rever essa relação a partir da discussão das atuais regras.

"Estamos invertendo, deixando que estruturas que deveriam ser instrumento de transparência, de zelo, passe a ser instrumento de medo para o gestor."

Ribeiro disse, após a fala, que não estava fazendo ataques, mas que era necessário modernizar a legislação e que se colocava como um interlocutor com os órgãos para estabelecer mecanismos de transparência.

Ribeiro fez ainda vários afagos a Dilma. "Não deixa de ser altamente simbólica que uma descendente de primeira geração de um imigrante búlgaro esteja empossando nesta cerimônia o filho da nossa querida Paraíba. Esse é apenas um exemplo da enorme força do país e de sua incrível mobilidade social".

O ex-líder do PP na Câmara dos Deputados classificou de "factoide" a informação de que teria omitido da Justiça Eleitoral em 2010 ser dono de empresas.

Segundo outra reportagem, também publicada pela Folha, Ribeiro é dono de duas emissoras de rádio no interior da Paraíba, registradas em nome de empregados.

"Não adianta tentar fazer factoide onde não existe. Todas as empresas estão declaradas, (...), isso já foi explicado" disse o ministro, que afirma ter declarado as empresas à Receita Federal.

Em um discurso curto de despedida, o antecessor Mário Negromonte, também do PP, negou mais uma vez qualquer tipo de irregularidade em sua gestão à frente do Ministério das Cidades. "Saio como entrei: sem nenhum processo e de cabeça erguida", afirmou.

Ele é de ala partidária contrária a de Aguinaldo.

A situação de Negromonte agravou-se após a Folha revelar a participação dele e do secretário-executivo, Roberto Muniz, em reuniões privadas com um empresário e um lobista interessados num projeto do ministério.

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