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BC intervém para conter queda do dólar

Pela primeira vez desde setembro de 2011, instituição voltou a comprar moeda americana no mercado à vista

Empresas brasileiras já captaram ao menos US$ 13,4 bi no exterior, contra US$ 38,6 bi em todo o ano passado

MARIANA SCHREIBER
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Diante da contínua queda do dólar, o BC (Banco Central) voltou ontem a comprar a moeda no mercado à vista. Foi a primeira operação do tipo desde setembro de 2011.

Na sexta-feira, o BC já tinha realizado uma intervenção, mas no mercado futuro, que negocia contratos para compra e venda da moeda em datas posteriores.

A forte entrada de recursos externos nas últimas semanas fez o dólar cair de R$ 1,87 no início do ano para quase R$ 1,70 em fevereiro.

Ontem, a moeda chegou à mínima de R$ 1,714, mas, após a intervenção do BC, subiu para R$ 1,717, ainda assim queda de 0,29% no dia.

O BC havia abandonado as operações de compra devido ao agravamento da crise europeia, que provocou uma valorização global do dólar no segundo semestre de 2011.

Aqui, a moeda chegou perto de R$ 1,90 e o BC fez intervenções para segurar a alta.

Mas o cenário externo começou 2012 com menos instabilidade, devido aos sinais de recuperação nos EUA e às ações do Banco Central Europeu para aliviar a crise.

Com isso, empresas brasileiras conseguiram retomar as captações no mercado externo, que estavam quase paralisadas, com objetivo de financiar seus investimentos.

Desde janeiro, 13 empresas já captaram US$ 13,4 bilhões, segundo levantamento da corretora BGC Liquidez, mais de um terço do total de 2011 (US$ 38,6 bilhões).

A soma das captações deste ano, porém, já deve ter superado US$ 15 bilhões com as operações de Santander e Brasil Telecom feitas ontem.

O economista-chefe da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, nota que os investidores estrangeiros também retomaram o apetite por ações de companhias brasileiras.

Até o dia 1º de fevereiro, entraram US$ 7,4 bilhões em investimento externo na Bolsa. Já em 2011, os estrangeiros tinham sacado US$ 1,3 bilhões.

"A tarefa do BC de segurar a queda do dólar é difícil, pois há uma entrada forte de moeda", afirma Barbutti.

A expectativa de economistas é que o BC continue agindo para evitar a queda mais acentuada da moeda. Não descartam, também, medidas do Ministério da Fazenda, que em 2011 elevou impostos sobre algumas operações.

"A valorização do real é prejudicial às exportações e preocupa o governo", observa Reginaldo Galhardo, gerente da Treviso Corretora.

JUROS

Mesmo com a valorização do real, o que poderia ajudar a baratear importados, analistas ouvidos pelo BC reforçaram apostas de que a autoridade monetária voltará a subir a taxa de juros em 2013.

Segundo o boletim Focus, a expectativa é que os juros caiam até 9,5% neste ano, mas subam para 10,75% em 2013. A taxa está em 10,5%.

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