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Não quero 'acordar de mãos dadas' com Kassab, diz Marta

Afastada da pré-campanha de Haddad, senadora compara aliança do PT com prefeito de SP a pesadelo

Ex-prefeita condiciona engajamento a desfecho de negociação com PSD; petistas adotam cautela para não agravar tensão

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) condicionou ontem seu apoio ao candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, ao desfecho das negociações com o PSD do prefeito Gilberto Kassab.

Comparando as articulações a um pesadelo, a petista disse que temia "acordar de mãos dadas" com o rival.

Como antecipou o "Painel", ela decidiu "aguardar" a definição sobre a possível aliança antes de se envolver na campanha paulistana.

Marta disse, em Brasília, que precisa ser "muito cuidadosa" sobre seu engajamento antes que o PT decida se fará aliança com o PSD.

"Se não, corro o risco de acordar de mãos dadas com Kassab no palanque", afirmou a ex-prefeita, que foi derrotada por Kassab em 2008.

Ao "Painel" ela criticou a aproximação e disse: "Prefiro esperar um esclarecimento do partido (...) antes de ter participação mais efetiva."

As declarações preocuparam dirigentes da pré-campanha, que contam com a ex-prefeita para "apresentar" Haddad ao eleitorado petista, especialmente na periferia.

Reservadamente, alguns dizem acreditar que Marta, magoada por ter sido preterida pelo partido, pode usar o possível apoio de Kassab como álibi para manter-se afastada da candidatura.

Ontem, integrantes da cúpula petista tentaram atenuar as afirmações da senadora para não agravar a crise.

"No PT, todo mundo que tem opinião pode falar. Marta vai participar da campanha", disse o presidente estadual da sigla, Edinho Silva.

"Estamos no meio do debate sobre a política de alianças, e a contribuição da senadora vai ser importante. Temos certeza de que ela vai contribuir com a campanha", afirmou o presidente municipal, Antonio Donato.

Ex-secretário de Marta, o novo líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), também contemporizou, mas disse preferir o PMDB na vice.

"Não se pode recusar apoio. Mas isso não pode significar rebaixamento do programa do PT. O PT quer mudar a cidade", afirmou, sustentando que "é preciso ganhar para mudar, não por ganhar".

De tão delicado, o tema foi tangenciado na proposta de resolução que o presidente nacional do PT, Rui Falcão, apresentou ao partido, cujo diretório se reuniu ontem.

O texto diz que o sucesso nas eleições "depende, mais do que da conjuntura nacional favorável", da "capacidade de construir alianças".

Antes resistente à articulação com o PSD, Falcão dá sinais de que sucumbirá à pressão do ex-presidente Lula por um acordo com Kassab. Ele afirmou que "o que não está proibido [no texto do partido] está permitido".

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