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Ministro compra notícias favoráveis a ele

Aguinaldo Ribeiro repassou mensalmente verba da Câmara para sites que publicam reportagens em defesa dele

Ato da Mesa da Casa que regulamenta cota para divulgação de mandato não estipula regras claras para o seu uso

SILVIO NAVARRO
DE SÃO PAULO

O novo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP), usou parte da sua verba de gabinete como deputado para comprar reportagens favoráveis a ele produzidas por dois sites de notícias do seu Estado, a Paraíba.

Ex-líder do PP na Câmara até segunda-feira, Ribeiro repassou R$ 1.500 mensais, de setembro a janeiro, ao site "PB Agora". Os valores foram reembolsados por meio de uma das rubricas da cota parlamentar, denominada "divulgação do mandato".

No mês passado, ele também pagou R$ 2.000 para uma agência de publicidade que mantém outro site de notícias local, o "24 Horas PB".

Nos últimos meses, os dois sites produziram dezenas de matérias em tom laudatório sobre Ribeiro, especialmente quando o nome dele passou a ser cogitado para o ministério.

O "PB Agora" também produziu reportagens para rebater notícias desfavoráveis ao ministro publicadas na imprensa. "Sobre as acusações feitas na mídia nacional com o intuito de tentar derrubá-lo, Aguinaldo disse que aguentou firmemente até o fim porque nunca teve medo", escreveu.

Em Brasília, o site acompanhou a posse de Ribeiro: "Novo ministro garante que dará show na condução da pasta".

Também é comum encontrar notas no site assinadas pela própria assessoria de imprensa do ministro, pelo gabinete da irmã dele, a deputada estadual Danielle Ribeiro (PP), e por seu partido.

"Prestamos serviços ao deputado na divulgação das ações parlamentar, devidamente comprovados e com notas fiscais", afirmou o diretor do site "PB Agora", Fábio Targino.

O noticiário do "24 Horas PB" segue a mesma linha: "Uma segunda-feira histórica para a Paraíba com a posse de Aguinaldo Ribeiro", foi o destaque no dia da posse.

Nos dois sites, não havia banners ou material característico de propaganda.

O pagamento à imprensa regional para comprar reportagens é prática recorrente entre deputados. A maioria dos parlamentares diz não considerar esse tipo de pagamento irregular.

O Ato da Mesa Diretora da Câmara que regulamentou a "cota para atividade parlamentar", de 2009, não define regras claras para esses gastos. É vetado apenas o uso dos recursos nos 180 dias que antecedem as eleições.

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