Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise Estatais

Infraestrutura perde espaço para gasto social

Da ditadura para a democracia, as prioridades do dinheiro público migraram para programas de seguridade

O cenário político e econômico do país impõe tetos para esses gastos muito mais rígidos

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

Em seus anos dourados, na década de 70 do século passado, as empresas federais chegavam a investir mais que o equivalente a 4% do Produto Interno Bruto.

No final do governo Lula, as estatais, agora menos numerosas, contabilizaram o maior volume de investimento desde o Plano Real -mas, em proporção do PIB, o patamar mal chegou à metade dos recordes do "milagre econômico" brasileiro.

A estratégia econômica daquele período, na qual o Estado planejava e liderava a execução de grandes empreendimentos, se tornou referência para os desenvolvimentistas nativos, incluindo os hoje abrigados na administração petista.

Não por acaso, a proposta básica do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) foi a expansão dos projetos de infraestrutura a cargo da União, tanto os realizados com dinheiro da arrecadação de impostos quanto os financiados pelas receitas das empresas estatais.

PRIORIDADES

A recente queda dos investimentos, ainda que não necessariamente signifique uma nova tendência, ajuda a entender como o cenário político e econômico do país impõe tetos para esses gastos muito mais rígidos que os existentes nos anos 70.

Da ditadura militar para a democracia, as prioridades do dinheiro público migraram para os programas de seguridade social -ou, em outras palavras, mais consumo público e privado, menos poupança e investimento.

Há também tolerância menor com a inflação. Os excessos do ano eleitoral de 2010 obrigaram o governo Dilma a conter despesas para evitar uma escalada dos preços.

Se o gasto social precisa continuar crescendo, as obras de infraestrutura são as vítimas em caso de ajuste. Mesmo fora das metas fiscais do governo, a Petrobras contribuiu com R$ 3,3 bilhões em dividendos para ajudar o Tesouro Nacional a fechar as contas do ano passado.

De longe a maior investidora da União, a empresa ainda teve seus planos de negócios para 2011-2015 limitados pela Fazenda devido à preocupação com possíveis reajustes dos preços da gasolina e do óleo diesel.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.