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Haddad busca acordo com Kassab e sugere Meirelles como vice

Pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo tenta vencer oposição de petistas à aliança com o prefeito

Defensores de acerto acham que presença do ex-presidente do BC na chapa ajudaria a driblar desconfiança do eleitor

Joel Silva/Folhapress
Fernando Haddad, pré-candidato do PT, em São Paulo
Fernando Haddad, pré-candidato do PT, em São Paulo

DE SÃO PAULO

O pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, começou a trabalhar para viabilizar sua aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab e definiu o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles como o vice ideal para sua chapa.

De início reticente quanto à conveniência de uma união com Kassab, Haddad disse a integrantes do conselho político que o assessora que será "pragmático" e deixará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conduzir a negociação de suas alianças.

Kassab propôs a Lula uma aliança com os petistas em janeiro, quando enfrentava dificuldades em suas negociações com o PSDB. Mas a aproximação com o PT fez os tucanos se moverem e o ex-governador José Serra voltou a considerar a possibilidade de se candidatar à Prefeitura.

O prefeito sempre disse que apoiaria Serra se ele decidisse voltar a concorrer ao cargo, que ocupou antes de Kassab, e manteve esse compromisso mesmo depois de iniciar o namoro com o PT.

Haddad tem ressalvas contra o vice sugerido por Kassab, seu secretário de Educação, Alexandre Schneider. Haddad acha que a presença de um membro do primeiro escalão da administração na chapa jogaria a gestão Kassab no seu "colo", comprometendo-o com sua defesa.

A presença de Meirelles na chapa agregaria "novas forças" à coligação liderada pelo PT e facilitaria a "digestão" do acordo pelo eleitorado, por ele ter sido uma figura importante do governo Lula.

Apesar de filiado ao PSD, Meirelles diz que não deseja ser vice. "Isso porque o Lula ainda não falou com ele", diz um petista que trabalha pelo acordo com o prefeito.

A discrição que o pré-candidato mantém em público sobre a possibilidade de acerto com o prefeito é proposital. "Não pode ser ele próprio o porta-voz da aliança", explica um cardeal do partido.

Pelo arranjo imaginado no comando de sua pré-campanha, a aliança com Kassab se daria em termos de "futuro", e não do que foi feito em sua gestão -que seria simplesmente ignorada no discurso.

No palanque, dizem os articuladores da aliança, Haddad apareceria prioritariamente ao lado de Lula. "Ninguém vai para uma propaganda de TV discutir política de alianças. O eleitor não se liga nisso", diz um petista.

No sábado, durante festa pelos 32 anos do PT, Haddad adotou tom cauteloso ao se referir à possível aliança.

"Temos que compreender que há um contexto nacional em que a bancada do PSD na Câmara tem votado com o governo naquilo que este partido julga como sendo de interesse público", afirmou.

Os petistas contrários ao acordo, no entanto, ainda não se deram por vencidos. A ideia é esticar a corda e levar a decisão sobre a aliança com Kassab para o próximo encontro municipal do PT, ainda a ser convocado.

A resistência ao prefeito reuniu o antigo grupo da senadora Marta Suplicy, principal voz até agora a tornar pública sua contrariedade.

Estão unidos na defesa da aliança o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, o presidente municipal do PT, Antonio Donato, e outros líderes petistas.

(VERA MAGALHÃES)

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