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Após pressão do Planalto, militares da reserva retiram críticas a Dilma

Clubes militares haviam cobrado de presidente reprimenda a auxiliares

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Após causar mal-estar dentro do governo, clubes que representam militares da reserva recuaram de críticas feitas à presidente Dilma Rousseff por ela não ter censurado falas de ministras e do PT contra a ditadura.

O recuo, algo raro aos clubes, passou a ser debatido depois que, anteontem, o ministro da Defesa, Celso Amorim, e os comandantes do Exército, da Aeronáutica e do Estado Maior se reuniram e trataram do tema.

Segundo a Folha apurou, o encontro foi acertado entre o ministro e o Planalto.

Coube aos chefes militares a tarefa de negociar o desmentido com as cúpulas dos clubes Militar, Naval e de Aeronáutica, que ontem, em nota de apenas uma frase, disseram que "desautorizam" o texto que eles mesmos haviam confeccionado.

Publicado no último dia 16, ele sugeria que Dilma se afastava de seu papel de estadista ao não "expressar desacordo" sobre três declarações recentes de auxiliares e do PT.

A primeira delas foi feita pela ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), para quem a Comissão da Verdade, que investigará violações durante o regime, pode levar a punições penais, apesar da Lei da Anistia.

Depois, Eleonora Menicucci (Mulheres), ex-colega de prisão de Dilma durante o período autoritário, fez em discurso "críticas exacerbadas aos governos militares", segundo o texto.

Já o PT, em uma resolução política, disse que deveria priorizar o resgate de seu papel para o fim da ditadura.

Ao final, estavam os nomes dos presidentes dos três clubes -que, apesar de não estarem na ativa, devem seguir a hierarquia das Forças, das quais Dilma é a chefe máxima.

Mas, de acordo com o almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral, presidente do Clube Naval, ele nunca autorizou sua publicação, que ainda vinha sendo discutida, nem estava ciente dela. "Não tem assinatura, apenas constam os nomes", afirmou.

Ele disse que, após a nota, os comandantes das Forças os procuraram. "Cada um procurou o seu lado, mas não em termos de reprimenda, pois isso aí é uma coisa que as Forças têm o pensamento delas, e os clubes militares têm sua postura normal".

Questionado pela Folha se ele confirma o teor da primeira nota, ele preferiu não responder. "Vai causar mais confusão."

Os clubes Militar, de Aeronáutica e o ministério da Defesa não se pronunciaram.

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