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Experientes, militares seguiram regras Eles se amarraram a cordas ao entrar na estação, mas não conseguiram voltar; colegas tentaram resgate até o fim 'Fazia muito frio, mas nós praticamente não sentíamos, a tristeza era muito grande', afirma sobrevivente LUCAS VETTORAZZODO RIO SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL À ANTÁRTIDA Os dois militares mortos tentando apagar o incêndio que atingiu a Estação Antártica Comandante Ferraz entraram na instalação com roupa especial, máscara, balão de oxigênio e uma corda amarrada na cintura, procedimento de segurança neste tipo de situação. Do lado de fora, militares seguravam a corda, que seria puxada caso o suboficial Carlos Alberto Vieira, 47, e o sargento Roberto Lopes dos Santos, 45, demorassem. Apenas uma semana antes, a base havia passado por um treino de incêndio, então todos sabiam o que fazer. Como os dois custavam a dar sinais, a equipe puxou a corda, mas ela ficou presa em algo. Três outros militares decidiram rastejar até onde estavam os colegas para tentar resgatá-los, mas o calor e a fumaça eram muito intensos. A equipe decidiu então derrubar as paredes dos fundos da estação para ter acesso a onde os militares estavam. Em vão. "Tentamos rasgar o fundo da estação com um trator, mas o aclive era muito alto", relatou o primeiro-tenente Pablo Tinoco. Ele e outros 11 militares, mais 26 pesquisadores e um alpinista que estavam na base desembarcaram na madrugada de ontem no Rio. Os dois militares tentavam fechar a válvula de um gerador para aplacar o fogo, mas se desorientaram por causa da fumaça, disse o capitão de fragata Fernando Coimbra, em entrevista na base chilena Eduardo Frei. "Por enquanto, só se pode dizer que o que levou à morte deles foram a coragem e o cumprimento do dever." Com lágrimas nos olhos, os oficiais relatam as quase oito horas que passaram à espera de socorro. "Estava cerca de -2 ou -3 graus. Fazia muito frio, mas nós não sentíamos, a tristeza era muito grande", afirmou Coimbra. Os dois militares mortos eram os mais experientes da base e já preparavam a aposentadoria. Vieira planejava viver com a família em Sergipe, enquanto o flamenguista Santos iria cuidar de seu futuro em novembro, quando voltaria de vez ao Brasil. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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