Índice geral Poder
Poder
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Entulho resultante do incêndio se torna um problema ambiental

CLAUDIO ANGELO
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA

A retirada de entulho resultante do incêndio na estação brasileira Comandante Ferraz, na Antártida, sem que haja agressões ao frágil ecossistema local é uma das principais preocupações do governo no momento.

Na madrugada de sábado, o incêndio destruiu as instalações da estação, deixando dois mortos e um ferido.

A limpeza do sítio determinará o prazo de reconstrução, estimado em até três anos por alguns pesquisadores e em nove meses pelo ministro Celso Amorim (Defesa).

A baía do Almirantado, onde Ferraz está situada, é área de proteção especial. É proibido jogar esgoto no mar e todo o lixo produzido precisa ser levado para o Brasil.

A se confirmar o prognóstico de perda total da base, (cujo complexo tem 2.250 m²), seus restos se converterão em lixo potencialmente tóxico. Há combustível, esgoto e produtos químicos que podem contaminar solo e água.

"Ainda estamos no período de chuva. Com a água, produtos químicos podem escorrer e pôr em risco a flora e os organismos marinhos", diz Verônica Vallejos, do Instituto Antártico Chileno, vice-presidente do CEP (Comitê de Proteção Ambiental) do Tratado da Antártida.

Segundo ela, o tratado, que regula todas as atividades no continente, não estabelece prazos para a retirada dos restos, nem pode impor multas por dano ambiental. O que se espera, porém, é que o país apresente ao CEP um plano de remediação.

A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) diz que traçar o plano dependerá de relatório da Marinha sobre a extensão do dano. "A gente não sabe nem o que perdeu."

Vallejos reconhece, porém, que a limpeza de Ferraz vai demorar, porque o inverno antártico começa em um mês. Até outubro, pelo menos, o acesso à região por navio é dificultado pelo gelo.

Segundo um interlocutor da Defesa, é difícil estimar prazo para tirar material tóxico por causa da "complexidade" do ambiente e porque é preciso estabelecer um plano para minimizar os danos.

"Uma obra nova terá de tirar todo o lixo e isso é operação para um verão inteiro", afirma Francisco Aquino, pesquisador da UFRGS.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.