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Morto ao combater fogo em base na Antártida queria ensinar judô

Promovido a 2º tenente, Roberto dos Santos se aposentaria em 2013

Ricardo Moraes/Reuters
O filho de Carlos Figueiredo, uma das vítimas do incêndio, chora ao lado do caixão do pai, no Rio; os corpos de Figueiredo e Roberto dos Santos foram recebidos com homenagens
O filho de Carlos Figueiredo, uma das vítimas do incêndio, chora ao lado do caixão do pai, no Rio; os corpos de Figueiredo e Roberto dos Santos foram recebidos com homenagens

DIANA BRITO
DO RIO

Árbitro e professor de judô por mais de 10 anos, Roberto Lopes dos Santos, 45, já tinha planos para a aposentadoria em 2013: abrir uma academia e dar aulas da modalidade.

Condecorado e promovido postumamente ontem a segundo tenente da Marinha, Santos morreu no incêndio que destruiu parte da estação Comandante Ferraz, base brasileira na Antártida, na madrugada de sábado.

Santos era primeiro-sargento, integrava o grupo de combate a incêndio da Marinha e era responsável pela parte elétrica da base. Morreu tentando apagar o fogo na casa de máquinas.

"Ele dava aulas de judô por prazer. Ia à casa do aluno que faltava para saber o que tinha acontecido. Sempre foi conselheiro e tinha planos de ensinar o esporte para crianças carentes", contou à Folha a mulher do oficial, Sueli Maria dos Santos, 42.

Faixa preta no judô, Santos é descrito por parentes e amigos como um homem calmo, divertido, sempre de bem com a vida. Gostava de reunir a família, jogar futebol e videogame nas horas vagas.

Só perdeu a linha uma vez, por ciúmes, quando sua mulher foi assediada durante uma viagem, na década de 90, a Salinas da Margarida, na Bahia, sua cidade natal. "Nunca o vi tão enfezado. Tive que pegar pelo braço para tirar de perto do homem. Foi a única vez", contou sua mãe, Nair Lopes dos Santos, 75.

Flamenguista doente, usava a camisa do time até na Antártida, quando a temperatura permitia. Também levava sempre a bandeira de Nilópolis (RJ), onde morava com a mulher e o casal de filhos, Aline, de 18 anos e Allan, 14.

Dona Nair diz que o filho praticamente nasceu na Marinha: o pai era militar e foi transferido para o Rio quando Santos tinha dois anos.

Em 1983, em nova transferência, foi para Santa Catarina. Lá, entrou para a Escola de Aprendizes da Marinha. Foi o primeiro colocado em redação. Um ano depois, voltou ao Rio como marinheiro.

Participou de três missões na Antártida: 2001/2002, 2007/2008 e 2011/2012.

Santos era responsável pela parte elétrica da base brasileira na Antártida. Ele também integrava o grupo de combate a incêndio da Marinha. Morreu tentando apagar o fogo que se espalhava na casa de máquinas da base na madrugada de sábado.

Ligava todo dia para casa e não fez diferente no último contato com a família, na sexta. Casado, completaria 25 anos ao lado da mulher no dia do acidente.

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